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SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong> 168<br />

residenciais, usando como primeira literatura o Novo Testamento. Isto poderia causar um<br />

impacto sem precedentes na história daquele povo.<br />

Desinteresse pelo Texto Sagrado – Sendo a abordagem feita por apenas um casal,<br />

não foi plantada uma igreja, sendo o trabalho de evangelização feito de forma bem<br />

asistemática, como comenta a própria Frances Popovich: “A orientação na fé se fez<br />

principalmente na mesa de tradução” 139 . Segundo ela, houve um mover de Deus sobre o<br />

povo, mas não chegou a ser organizada uma igreja:<br />

acrescenta:<br />

A gente testemunhou um movimento do Espirito Santo no meio dos Maxakali em<br />

1971. Que alguns se converteram não duvido, mas o que mais vi foram pessoas<br />

impressionadas com a realidade da existência de Deus. Eu nunca disse que o povo<br />

se converteu em grande número. Simplesmente não sei. 140<br />

Em outra correspondência, se referindo ao mesmo mover de Deus entre eles,<br />

(...) os Maxakali (durante uma ausência nossa do campo) clamou para Topa (Deus)<br />

pela libertação dos espíritos que oprimiam. Um grande numero reconheceu a<br />

realidade de Deus. 141<br />

Desta forma, o resultado foi um povo com Bíblia mas sem igreja, logo, o interesse<br />

de leitura desta Bíblia é pouquíssimo. Quando da distribuição em 1981, todas as famílias<br />

receberam um exemplar, mas atualmente, não mais que quinze pessoas conservam o Novo<br />

Testamento. Alguns por serem professores o utilizam muito esporadicamente para<br />

aperfeiçoar sua leitura – não mais que quatro – e outros o guardam como uma recordação<br />

do saudoso “amigo Aroldo”. Muitos exemplares foram vendidos ou doados,<br />

principalmente para pastores e “crentes” que visitam as aldeias e querem ter um exemplar<br />

do Novo Testamento Maxakali – talvez simplesmente para dizer: estive lá. Outros<br />

simplesmente foram destruídos por falta de interesse, ou ainda pela influência de<br />

antropólogos, lingüísticas e até mesmo missionários do CIMI que apontam o Novo<br />

Testamento como algo danoso à sua cultura. Numa correspondência pessoal a antropóloga<br />

Maria Hilda Paraíso, que exerce muita influência sobre os Maxakali, comentou: “graças a<br />

Deus, a única coisa para a qual os Maxakali usam a Bíblia, é para assento”.<br />

Como o trabalho de tradução é árduo e exige tempo, ainda hoje, em algumas<br />

agências, os missionários tradutores são orientados a não se envolverem com plantio de<br />

igrejas, pois correm o risco de não darem conta das duas coisas. O exemplo dos Maxakali<br />

deve servir como um alerta. É válido lembrar que depois de vinte anos de desinteresse por<br />

139 Em correspondência do dia 11/01/02.<br />

140 Em correspondência do dia 01/10/01.<br />

141 Na correspondência de 11/01/02.

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