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SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />

Como a maioria dos indígenas do Nordeste, sua dança cerimonial é chamada de<br />

Toré 28 e envolve cantorias que propiciam o ambiente de contato com o sobrenatural. Não<br />

foi possível coletar detalhes, pois além da reserva dos mesmos em descrever, segundo eles,<br />

o ritual não pode ser realizado em sua plenitude com a presença de estranhos, pois sua<br />

principal entidade não se manifesta neste caso. O Toré é realizado com freqüência, sempre<br />

à noite (Schettino, 1999.129), mas tudo indica não haver datas predeterminadas para o<br />

mesmo, sendo por isto necessárias convocações.<br />

Parece que Paraíso (1987.49) obteve a melhor descrição do ritual, ainda que<br />

incompleta. Segundo seus informantes, ao chegar ao local do Toré os participantes são<br />

orientados quanto à posição que devem ocupar, já devendo todos estarem vestidos de<br />

branco e descalços. Antes de iniciar as danças, é preparada uma bebida chamada jurema,<br />

que possui efeito alucinógeno. Ao começar, o pajé retira das pedras o bastão sagrado e o<br />

coloca num canto do terreiro, que num determinado momento começa também a se<br />

movimentar sozinho, emitindo fumaça pelas extremidades, e por fim pára sobre a grande<br />

tigela, fazendo também uma cruz de fumaça que nem todos conseguem ver. A jurema é<br />

distribuída entre os participantes em pequenas tigelas, e logo após dá-se a manifestação da<br />

principal entidade em caráter de oráculo, trazendo respostas aos participantes, avisos,<br />

orientação e repreensões, não apenas pessoais mas também comunitárias. É evidente a<br />

presença de sinais do catolicismo, como a cruz de fumaça, bem como do candomblé<br />

baiano, vindo da África, como as roupas brancas e pés descalços. Interessante é que “a<br />

participação do Toré é exclusiva dos membros aceitos como efetivos e não incorporados<br />

por casamento. Também são excluídos os que se casam com membros da sociedade<br />

nacional” (Paraíso, 1987.40), pois Yayá gosta apenas daqueles que têm “o seu sangue”. É<br />

curioso o fato de não haver rituais especiais no nascimento, casamento, nem na morte.<br />

2.1.3.2. ENTIDADE ESPIRITUAIS<br />

2.1.3.2.1. YAYÁ<br />

Apesar de crerem na existência de outras entidades no seu mundo espiritual, toda a<br />

cosmologia Xacriabá gira em torno de uma entidade principal, chamada Yayá. Este é um<br />

nome carinhoso atribuído à “onça-cabocla”, bem como aos ancestrais quando o povo já<br />

28 Este nome “é bastante conhecido pelos índios da caatinga baseados historicamente na bacia do São<br />

Francisco e outras regiões do nordeste brasileiro” (Schettino, 1999.130).<br />

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