28.05.2013 Views

SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

9.1.9.4. DISCRIMINAÇÃO<br />

<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong> 158<br />

Historicamente portadores dos estigmas “Índio” e “Cabloco”, são vistos por grande<br />

parte da sociedade regional como uma categoria social inferior. Apesar de ter membros do<br />

grupo de pele vermelha e cabelos lisos e longos, muitos possuem cor quase negra e cabelos<br />

crespos, dado a miscigenação com negros escravos, o que leva alguns a duvidarem da sua<br />

indianidade, influenciados pelo fantasia do “índio puro”. Outros, exatamente por não<br />

duvidarem da sua indianidade os discriminam, pois alimentam preconceitos contra os<br />

“índios”. Esta estigmatização vinha levando “alguns dos nomeados à tendência de eliminar<br />

o sobrenome, tão carregado de significados, das gerações subsequentes” (Mattos, 1998.12).<br />

Isto aconteceu durante anos principalmente nos residentes em cidades, mas vários da zona<br />

rural também eliminaram o sobrenome “Índio” dos seus filhos. Alguns não foram<br />

registrados com este sobrenome por que os cartórios não permitiram, como aconteceu com<br />

sete dos quatorze filhos do “Gilmar”, em Belo Horizonte.<br />

Desta forma, são vistos como mão-de-obra barata ou desclassificada das grandes<br />

fazendas da região, principalmente os da família Caboclo, que vêm de uma realidade<br />

histórica não tão antiga de escravidão. Com a chegada dos Pankararu e dos trabalhos da<br />

indigenista Geralda Soares, bem como o próprio movimento pelo reconhecimento dos<br />

Aranã, a população regional vem sendo conscientizada sobre a questão indígena, mas isto é<br />

um processo lento, que certamente perdurará por alguns anos.<br />

9.1.10. PRESENÇA EVANGÉLICA E/OU MISSIONÁRIA<br />

No grupo do Vale do Jequitinhonha engajado na luta pelo reconhecimento, não há<br />

evangélicos e nenhum trabalho missionário voltado a eles. A única presença evangélica se<br />

faz pelo trabalho do GTME, mas este se limita à assistência social, não se engajando em<br />

trabalhos de proclamação. A obreira do GTME, Geralda Soares, é católica 131 .<br />

9.2. POSSIBILIDADES DE ABORDAGENS MISSIONÁRIAS<br />

Sendo um povo “emergente” e ainda em processo de reconhecimento étnico, o<br />

desejo e necessidade de reafirmação étnica e cultural é muito grande, podendo levá-los a<br />

resistir ao que vem de fora. Sua tendência no momento pode ser mais de retornar às<br />

práticas de rituais, como acontece na Fazenda Campo, do que dar atenção a uma outra<br />

131 A obreira do GTME entre os Krenak, Marli Castro, também é católica (cf. 4.1.6.2. 2ª Parte).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!