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SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />

Segundo Pacó (s.d.198), as tribos Nocuriñ e Nhãnhãn, que somavam oitocentos<br />

homens, sem contar mulheres e crianças, chefiadas pelo Capitão (cacique) Pohóc, seu avô<br />

materno, habitavam o local quando da chegada dos Freis Serafim e Ângelo, que realizam<br />

ali a primeira missa no dia 13 de abril de 1873. Auxiliados principalmente pelo “língua”<br />

Félix Ramos, Frei Serafim e Ângelo, contactaram várias tribos do Vale e foram<br />

conduzindo-as ao aldeamento, como os Kraccatã, Cujãn, Jeruñhim, Nerinhin, Hén, Jukjût,<br />

Remré, Krermum, Nhãn-Nhãn, Cânmri, Pmácjirum, e outras (Pacó, s.d.201).<br />

Os capuchinhos não pararam por aí. Continuaram atraindo mais tribos para o<br />

aldeamento. Trouxeram tribos como os Aranã e até os temidos Pojixás, mencionados como<br />

“o terror e assombro destas zonas” (Pacó, s.d.202), e que na verdade eram os principais<br />

alvos. Assim, chegaram a ter três mil indígenas, de aproximadamente quinze tribos<br />

diferentes, aldeados em Itambacuri.<br />

Este aldeamento já foi criado sob a regência do Regimento das Missões, elaborado<br />

em 1845 para estabelecer como deveria ser o trabalho dos missionários entre os índios.<br />

Segundo este, as responsabilidades dos capuchinhos era “atrair, aldear, pacificar e<br />

catequizar os índios” (Soares, 1992.74). Assim, o dia-a-dia deste aldeamento foi se<br />

tornando enfadonho para os indígenas aldeados, pois não era nem um pouco semelhante ao<br />

dia-a-dia nas aldeias. O fato de vários povos estarem ali misturados já não agradava aos<br />

indígenas. Havia leis que os obrigavam a casar-se com negros e brancos, para se<br />

misturarem e se tornarem um só povo. Deveriam tornar-se cristãos, abandonando seus<br />

rituais, pois a única religião do aldeamento era a dos padres. Aos meninos era ensinado a<br />

língua portuguesa, e com a chegada das Irmãs Clarissas em 1907, foi criada uma grande<br />

escola, incluindo as meninas que ali eram internadas, junto com brancas, negras e mestiças.<br />

Este ambiente alienígena e opressor rapidamente gerou revolta por parte dos<br />

indígenas que sempre fugiam embrenhando-se nas matas ou retornando para suas aldeias.<br />

Estes eram caçados e alguns retornavam para o aldeamento. Alguns retornavam, devido a<br />

saudade da família ou filhos que haviam deixado para trás. Outros desapareciam e nunca<br />

mais eram vistos. Brigas e protestos se tornaram comuns principalmente provocados pelos<br />

Pojixás que eram os mais arredios e tinham uma liderança muito forte. Quando uma<br />

epidemia de sarampo provocou grande mortandade entre os aldeados, os Pojixás acusaram<br />

os padres de feitiçaria e se revoltaram, queimando o aldeamento e matando alguns padres<br />

(Paraíso, 1998.420). Pacó (s.d.208) lista cinco principais revoltas que aconteceram ali, das<br />

quais a mais grave foi quando em 24 de maio de 1893, Querino Grande, cacique dos Potón,<br />

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