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SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />

fazendeiros que entendiam os rituais como macumba contra eles. Policiais passaram a<br />

vigiar o povo para que não praticasse o ritual e aqueles que desobedeciam eram<br />

brutalmente espancados. Os antigos líderes então, esconderam os objetos sagrados numa<br />

determinada gruta que ficava na mata e o Toré deixou de ser praticado. Vinte e dois anos<br />

depois, Rodrigão encontrou os objetos sagrados, mas o povo temia voltar àquela prática.<br />

Em 1969, antropólogos da FUNAI estudando o caso Xacriabá incentivaram-lhes a voltar à<br />

prática do ritual, sugerindo que do contrário eles não conseguiriam posse definitiva de suas<br />

terras. Assim, o próprio Rodrigão articulou com os mais antigos e voltaram a praticá-lo.<br />

2.1.4. CATEGORIAS DE PODER SOCIAL<br />

Inicialmente é preciso considerar pelo menos dois principais aspectos. Primeiro que<br />

a chefia era hereditária, e hoje, mesmo adotando uma postura democrática, a maioria dos<br />

ocupantes das várias categorias de liderança pertencem à família Gomes de Oliveira. O<br />

segundo aspecto é que liderança política e religiosa estão intimamente relacionadas, pois<br />

como somente os “do sangue de Yayá” podem participar dos rituais, os demais,<br />

introduzidos na comunidade por casamento interétnico e mesmo os Xacriabá que se casam<br />

com não-índios, são consequentemente excluídos da possibilidade de liderança, já que a<br />

liderança deve seguir os conselhos de Yayá. Observemos o comentário de Paraíso<br />

(1987.40,41,47) sobre a destituição de Laurindo Gomes, cacique antecessor de Rodrigão:<br />

A destituição de Laurindo Gomes de Oliveira deveu-se a sérias discordâncias<br />

quanto à sua atuação. Ao tornar-se protestante, Laurindo abandonou o culto a Yayá<br />

e recusou-se a revitalizá-lo (...) e por coincidir este fato com o incremento da<br />

presença de posseiros na área, o capitão foi afastado do seu cargo, tendo sido<br />

substituído por um devoto de Yayá. (...) é nas lições dos “antigos” e nas<br />

informações emanadas de Yayá que os Xacriabá se baseiam para viver a sua prática<br />

política.<br />

2.1.4.1. CACIQUE<br />

O cacique é o representante geral do povo, responsável pela sua representação<br />

externa, pela solução de questões interétnicas e o principal articulador de soluções internas<br />

que evitem o conflito. Além da representação geral do povo, representa também a sua<br />

aldeia ou um grupo de aldeias próximas. Já há algumas décadas, Manoel Gomes de<br />

Oliveira, mais conhecido como Rodrigão, tem exercido a função de cacique Xacriabá. É<br />

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