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SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

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4. OS KRENAK<br />

<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />

Queremos sonhar livremente, sem cercas, sem solitárias, sem policiais, descer e<br />

subir de bote pelo Watu, recolhendo os peixes das armadilhas, sem medo de<br />

tocaias. Suas águas um dia estarão limpas porque os brasileiros também<br />

despertarão para proteger nossa fonte comum de vida!<br />

Marcos Krenak 62<br />

4.1. SITUAÇÃO SOCIOCULTURAL<br />

Marcados pelo contato mais violento de todo o leste do país, os Krenak são<br />

caracterizados pela sua tenaz resistência ao sistema dominante, num esforço quase sobre-<br />

humano pela sobrevivência étnica e cultural. Vítimas de inúmeros massacres, expulsão do<br />

seu território e intenso processo de miscigenação, eles não se curvaram, mesmo quando<br />

reduzidos a algumas poucas dezenas. Novamente de posse do seu território, depois de<br />

quase um século de peregrinação, eles se engajam num deliberado processo de resgate<br />

étnico-cultural, buscando independência da sociedade externa. “Nós somos o capinzinho<br />

que amarelou de tanto ficar debaixo da pedra e agora se levanta” (Krenak, 1997.45).<br />

4.1.1. COMPOSIÇÃO ÉTNICA<br />

Os Krenak são os remanescentes da famosa confederação dos Botocudos,<br />

resultantes da união de dois subgrupos étnicos da mesma, tradicionalmente aliados, mas na<br />

prática rivais entre si, principalmente na disputa pela liderança do grupo. Apresentam um<br />

considerável índice de miscigenação com não-índios e com indígenas de outras etnias.<br />

4.1.1.1. ORIGEM ÉTNICA<br />

A confederação dos Botocudos era formada por um grande número de grupos<br />

étnicos que tendo se aliado na luta contra outras etnias, e posteriormente na resistência aos<br />

colonizadores, compartilhavam uma mesma cultura e língua, possuindo uma pequena<br />

variação lingüística que caracterizava cada grupo (Mattos, 2000.13). Com os projetos de<br />

expansão dos exploradores, principalmente através dos quartéis e aldeamentos, estes vários<br />

62 Em Krenak (1997.44).<br />

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