SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong> 122<br />
vivendo em Paulo Afonso, na Bahia, que sendo aliada desta de <strong>Minas</strong> negocia a sua união<br />
com a mesma, o que deve acontecer dentro de pouco tempo.<br />
O grupo de <strong>Minas</strong> tem sua origem nos conhecidos Xukuru-Kariri de Palmeira dos<br />
Índios, no Estado de Alagoas onde se constituem em um povo com cerca de duas mil<br />
pessoas, dividido em três principais facções. O faccionalismo 99 é uma das características<br />
marcantes deste povo, que tem sua história marcada por conflitos internos e divisões.<br />
Como o nome já indica, a origem étnica deste povo se deve à união de dois grandes povos<br />
originários da região de Pernambuco – os Xukuru – e de Alagoas – os Kariri Wakonã. Isto<br />
se deu pela atuação de missões católicas naquela região ainda no século XVIII, que aldeou<br />
estes dois povos exatamente no local onde hoje é a cidade Palmeira dos Índios. Através do<br />
convívio forçado, que resultou numa miscigenação étnica por meio de casamentos<br />
interétnicos, estes dois povos se fundiram nos hoje conhecidos como Xukuru-Kariri. No<br />
século XIX houve ainda um forte processo de miscigenação deste grupo, que já se<br />
mesclava, com camponeses nordestinos pobres de várias regiões (Oliveira Júnior. Internet).<br />
Na região de Palmeira dos Índios eles se dividem em três principais facções, em<br />
torno das famílias Santana e Celestino. Os Santana são influentes na Fazenda Cafurna,<br />
enquanto os Celestino na Fazenda Canto. Na década de 1990, uma cisão destes últimos deu<br />
origem a uma terceira facção em torno de Manoel Selestino, ex-cacique da Fazenda Canto.<br />
Os conflitos destes grupos culminaram no assassinato do cacique Luzanel Ricardo,<br />
sucessor de Manoel no cacicado da Fazendo Canto em dezembro de 1994. Com a<br />
intensificação destes conflitos, alguns grupos menores migraram para outras regiões, sendo<br />
um destes liderado por Warkanã de D’Aruanâ, também conhecido como José Sátiro, que<br />
assumiu a posição de cacique do grupo que o seguiu. Quando deixaram Palmeira dos<br />
Índios desceram rumo à Bahia onde se alojaram primeiro no município de Paulo Afonso e<br />
depois em Botirama. Ali ocorreram novos conflitos, o que ocasionou a migração da família<br />
de Warkanã para <strong>Minas</strong> Gerais em 1998, onde solicitaram à FUNAI a aquisição de uma<br />
terra para o assentamento definitivo do grupo. Enquanto a situação estava sendo avaliada,<br />
o grupo se fixou temporariamente no município de São Gotardo e finalmente em 2001<br />
foram transferidos em caráter definitivo para o município de Caldas (Caldeira, 2001d.20).<br />
7.1.1.2. GRUPOS QUE COMPÕEM A FAMÍLIA ÉTNICA<br />
99 Sobre isto consultar o texto de Adolfo Alves de Oliveira Júnior: “Faccionalismo Xukuru-Kariri e a Atuação<br />
da FUNAI”. Ver OLIVEIRA JÚNIOR nas Referencias Bibliográficas.