SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong> 152<br />
A família Caboclo vem da Fazenda Alagadiço, de propriedade da família Murta 125 ,<br />
onde o Coronel Murta “possuía, entre seus escravos, índios ‘comprados’ através de uma<br />
rede de tráfico de crianças que caracterizou a colonização daquela região”. Parece que esta<br />
família é o resultado da mistura de indígenas, provavelmente de vários grupos, com<br />
escravos africanos, pois geralmente a expressão “caboclo” tem sido empregada exatamente<br />
para índios que se miscigenaram com negros.<br />
O principal laço de união destas duas famílias se deu através do casamento de<br />
Joverdil Índio, filho de Sangê, mais conhecido como Jóvi, com Emiliana Cabocla, que fez<br />
questão de passar a assinar Índio, pois Caboclo não era assinatura, e também registrou<br />
todos seus filhos com este sobrenome. Daí, as famílias se uniram concentrando-se<br />
principalmente na fazenda Alagadiço, dando origem ao atual grupo Aranã.<br />
9.1.1.2. GRUPOS QUE COMPÕEM A FAMÍLIA ÉTNICA<br />
Se a hipótese dos Aranã pertencerem historicamente à confederação dos Botocudos<br />
for real – e há muita probabilidade que sim – então eles formam família com os Krenak,<br />
que são os tradicionais remanescentes Botocudos de <strong>Minas</strong> Gerais.<br />
9.1.2. DISTRIBUIÇÃO DEMOGRÁFICA<br />
Os Aranã articulados na luta pelo reconhecimento étnico oficial somam cerca de<br />
oitenta e cinco pessoas, espalhados nos municípios de Coronel Murta e Araçuaí, no Médio<br />
Vale do Jequitinhonha, ligados às famílias de Joverdil e Antônio Carlos, na Fazenda<br />
Alagadiço; João, Fazenda Campo; Rosa e Terezinha, na cidade de Araçuaí. Neste relatório<br />
mencionaremos várias vezes os outros grupos, mas estes mencionados são o foco do nosso<br />
levantamento.<br />
Há um grande número de parentes espalhados por várias partes do país, ligados a<br />
diferentes filhos de Sangê. Em São Paulo há um número considerável, ligado a Maria<br />
Amélia Índio; no Paraná há um outro grupo, ligado a José, filho do primeiro casamento de<br />
Sangê; em Pará de <strong>Minas</strong> também residem algumas famílias, através da Mazilte Índio; mas<br />
o maior grupo está na Grande Belo Horizonte, ligados principalmente a “Gilmar” e sua<br />
irmã Isabel, espalhados pelas proximidades da zona industrial, Juatuba, Betim e Caeté.<br />
Somente a família de “Gilmar” soma setenta e três pessoas. Estes porém não se interessam<br />
em retornar para o Vale do Jequitinhonha, pois de lá saíram há muitos anos, mas alguns<br />
sugeriram a aquisição de um território na região de Janaúba para se agruparem ali. Foram<br />
125 Descendentes do famoso Coronel Inácio Murta. A cidade de Coronel Murta recebeu este nome em sua<br />
homenagem.