SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
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3. ABORDAGEM KERYGMÁTICA 142<br />
<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong> 170<br />
Esta abordagem utiliza-se da transmissão de uma mensagem com conteúdo<br />
religioso e proposta espiritual a fim de gerar transformações na dimensão das convicções e<br />
práticas religiosas do povo, redundando numa conseqüente transformação sociocultural.<br />
Partindo do pressuposto de que o evangelho é supra-cultural, as transformações por ele<br />
causadas se configuram numa remissão da cultura que se encontra infestada de mazelas e<br />
deturpações introduzidas por espíritos malignos que dominam o povo através do engano.<br />
Ao contrário do que muitos pensam, os indígenas não vivem em clima de completa<br />
harmonia com a natureza e com o seu mundo espiritual (Souza, 2001). Os Maxakali, por<br />
exemplo, como são os mais arraigados em sua religiosidade tradicional, apresentando um<br />
complexo quadro religioso animista, praticam muitos rituais onde há danças e cânticos em<br />
abundância. A leitura feita por muitos é a seguinte: apesar das muitas dificuldades, é um<br />
povo feliz, pois vive cantando. Em conseqüência desse tipo de leitura, foi lançado um<br />
filme com o nome “Maxakali – Povo do Canto”, enaltecendo o espírito alegre deste povo.<br />
Entretanto, uma leitura mais crítica e profunda, revelaria que muitas das suas cantorias e<br />
danças indicam um estado de profunda tristeza e opressão, pois são feitas como<br />
apaziguamento da fúria dos espíritos ou agradecimento a eles. Ou seja, os grupos indígenas<br />
animistas ou sincretistas, vivem uma realidade espiritual de opressão e domínio das trevas,<br />
numa desesperada procura por redenção.<br />
A abordagem kerygmática visa proporcionar liberdade a estes povos através da<br />
pregação do evangelho, como único meio de libertação e redenção. Esta abordagem é<br />
ampla, podendo ser aplicada através de várias frentes de atuação ou ênfases estratégicas,<br />
mas via de regra com o objetivo de plantar uma igreja indígena. Na <strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong>,<br />
constatamos a abordagem kerygmática entre os Maxakali, Xacriabá, Pataxó e mais<br />
recentemente entre os Krenak.<br />
142 De κηρυγμα – “proclamação”. Quanto às conceituações teológicas, ver PACKER (1966.36).