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SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />

grupos paulatinamente sucumbiram diante do sistema dominante. Foi assim com os<br />

belicosos Pojixás que desapareceram nas proximidades do aldeamento de Itambacuri.<br />

Alguns grupos porém, se refugiaram na floresta do Rio Doce, permanecendo ali por<br />

algum tempo, mas com a abertura da Estrada de Ferro Vitória-<strong>Minas</strong>, que cortava<br />

exatamente aquela região, se tornou inevitável a rendição destes grupos. Nesta altura, a<br />

confederação Botocudos basicamente não existia mais, e assim, cada grupo se identificava<br />

pelo nome do seu líder ou por alguma particularidade geográfica do seu território. O último<br />

grupo a negociar a sua rendição foi o Gutkrak (montanha do cágado) liderado pelo Capitão<br />

Krenak 63 , homem de grande liderança que foi substituído por seu filho Muin (Mattos,<br />

2001.30). Os Krenak de hoje assim se autodenominam em função deste cacique.<br />

Além de Gutkrak, há descendentes de outro grupo Botocudo, os Nakhré-hé, os<br />

quais são fortemente miscigenados, principalmente com negros, o que aumenta a<br />

rivalidade com o primeiro grupo, que apesar de também possuir um considerável grau de<br />

miscigenação, defende a “pureza em relação às origens” (Mattos, 1996.204). O próprio<br />

cacique, que é Nakhré-hé, é conhecido pelo nome de Nego em português, ou “Him” na<br />

língua Krenak, que significa “preto”. É possível ainda que haja descendentes de um<br />

terceiro grupo Botocudo, Miñajirum, e talvez até de um quarto, Naknenuk (Faria, 1992.28).<br />

4.1.1.2. GRUPOS QUE COMPÕEM A FAMÍLIA ÉTNICA<br />

Como remanescentes dos Botocudos, é possível que formem família com os Aranã,<br />

mas isto ainda carece de comprovação, pois nem todos subgrupos Botocudos eram<br />

etnicamente parentes.<br />

4.1.1.3. TRONCO LINGÜÍSTICO<br />

Segundo Aryon Rodrigues (1994.56), pertencem ao tronco Macro-Jê, família<br />

Botocudo e língua Krenak. Vale ressaltar, que sua língua quase entrou em extinção, sendo<br />

preservada apenas pelas mulheres mais idosas, entretanto, nos últimos anos tem sido feito<br />

um esforço deliberado para que as crianças e adolescentes aprendam a sua língua, e<br />

felizmente estão tendo êxito, pois hoje, as crianças e grande parte dos adolescentes já se<br />

comunicam bem na língua tradicional, tendo inclusive, professores que a dominam.<br />

4.1.2. LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA<br />

63 Vale recordar, que os caciques passaram a ser chamados de “Capitães”, desde a época de Marlière. De<br />

acordo com Marcos Krenak, o nome “Krenak” significa “cabeça na terra”, se referindo ao tradicional<br />

costume de colocarem a cabeça na terra antes de iniciar suas danças cerimoniais (Maurício, 1997.13).<br />

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