SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />
Quando em 1940 decide-se demarcar as terras Maxakali várias aldeias ficam fora.<br />
Um grande corredor de fazendas separa as duas aldeias e os fazendeiros intrusos não são<br />
removidos, permanecendo nas terras mais de cinqüenta anos ainda. Nesta mesma data é<br />
aumentado o arrendamento das terras Krenak e o pagamento passa a ser feito ao SPI.<br />
Como se percebe, o SPI se transforma “numa máquina oficial, invadida pela<br />
corrupção e violência” (Prezia, 2000.198). O sonho de um órgão oficial de “proteção” aos<br />
índios, torna-se num pesadelo real de um órgão oficial de “opressão” aos indígenas. O<br />
idealismo de Rondon é frustrado pela ambição de uma sociedade exploradora, governada<br />
por políticos obcecados pela posse de mais e mais terras.<br />
5.2. GRIN – GUARDA RURAL INDÍGENA<br />
Com o golpe de 1964, quando se instalou o regime militar no país, o SPI foi<br />
extinto, com a destituição de toda sua diretoria. Dois anos depois, em 1966, foi criada a<br />
GRIN – Guarda Rural <strong>Indígena</strong>, com o objetivo de transformar os indígenas em militares,<br />
sob o comando do Capitão Pinheiro.<br />
<strong>Indígena</strong>s de toda parte do país foram transportados para Belo Horizonte, onde<br />
receberam treinamento militar, para reprimir seus próprios irmãos. “Xerente, Pankararu,<br />
Urubu Kaapor, Gavião, Pataxó, Maxakali” (Soares, 1992.138) são apenas alguns dos<br />
muitos povos representados na GRIN. Como já era de se esperar, este treinamento não<br />
levou em consideração questões étnicas e culturais. Acontece então um grande etnocídio e<br />
acelera o processo de destruição cultural. Muitos índios revoltados fogem, ou tentam fugir,<br />
e são duramente reprimidos.<br />
5.2.1. COLÔNIA PENAL INDÍGENA<br />
No mesmo ano que é criada a GRIN, cria-se também uma Colônia Penal <strong>Indígena</strong>,<br />
e o local escolhido para sediá-la é o território Krenak, do Vale do Rio Doce. Para lá são<br />
levados em regime de detenção indígenas acusados de crimes, tachados como rebeldes e<br />
infratores. O Centro de Reeducação <strong>Indígena</strong> funciona no velho esquema militar: trabalho<br />
forçado, solitária, violência e assassinatos (Soares, 1992.140-141).<br />
Segundo Paraíso (1998.422), “o presídio chegou a abrigar entre sessenta e oitenta<br />
indivíduos, em média”, com representantes das tribos Karajá, Kampa, Mawé, Xerente,<br />
Kayapó, Baenã, Kadiwéu, Bororo, Kaiwá, Kanela e Pankararu. Os principais motivos de<br />
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