SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />
dominante” (Popovich, 1993.5), mas o interesse foi pequeno. Somente agora alguns jovens<br />
têm se interessado e para atender a esta demanda, foi contratado um professor da referida<br />
cidade que tem ido semanalmente até a aldeia para dar aulas de português. Desta forma, a<br />
única possibilidade de comunicação efetiva é na própria língua.<br />
3.1.4. SINAIS DE ANIMISMO<br />
A religiosidade Maxakali é mais fortemente expressa pelo relacionamento<br />
constante com as várias entidades espirituais que formam todo um panteão. Estes vários<br />
seres sobrenaturais têm personalidade e exigências, inclusive alimentares, bastante<br />
diferenciadas, o que exige não só sua identificação durante os rituais mas também o<br />
conhecimento de como agradá-los para evitar que venham fazer mal à comunidade. Crêem<br />
que os espíritos amigos ajudam a identificar os espíritos inimigos com quem estão lidando<br />
(Paraíso, 1999.Internet). Para que haja um equilíbrio no relacionamento entre homens e<br />
espíritos é que se faz necessário os vários rituais praticados por eles.<br />
3.1.4.1. DANÇAS CERIMONIAIS<br />
3.1.4.1.1. CURA<br />
Os rituais de cura destinam-se às crianças, aos jovens e adultos, excetuando os<br />
recém-nascidos – por não terem nomes ainda, e logo, não existirem socialmente<br />
(Popovich, 1994.12) – e os velhos, que avançados em idade necessitam descansar (Paraíso,<br />
1999.Internet). A doença é motivo de grandes traumas, pois é interpretada como uma<br />
intervenção dos espíritos que capturam as almas das pessoas fazendo-as ficar doentes.<br />
Consequentemente os rituais de cura visam restaurar o equilíbrio, agradando aos espíritos,<br />
dos quais as mulheres são as presas mais fáceis (Alvares, 1995.21)<br />
O ritual é comandado pelo líder do grupo que, acompanhado dos parentes, canta,<br />
dança e pergunta em voz baixa ao doente qual o espírito que o atormenta e a este quais os<br />
seus desejos que precisam ser satisfeitos. Cumprida essa etapa, os homens retiram-se para<br />
a kuxex (casa da religião) para adotarem as medidas necessárias à continuidade dos<br />
trabalhos. Tendo obtido todo o necessário, retornam junto ao jirau do doente, promovendo<br />
nova sessão de cânticos e rezas e lançando grandes baforadas de fumo sobre o paciente. Os<br />
espíritos são instados a se retirarem. Quando o cão da casa gane, é considerado que foi<br />
estabelecido o contato com o espírito iniciando-se uma nova etapa do processo de cura: a<br />
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