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SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong> 155<br />

família da zona rural da região, o líder é cada chefe de família que exerce autoridade<br />

geralmente não apenas sobre seus filhos solteiros, mas também sobre os casados e<br />

respectivas famílias, incluindo noras e netos. Mas agora que começam a se agrupar,<br />

algumas pessoas estão tendo ascendência social, despontando assim lideranças. Na<br />

Fazenda Alagadiço, Joverdil e Antônio Carlos são os principais expoentes, por serem os<br />

mais idosos do grupo, mas Raimundo, filho deste último, também tem demonstrado<br />

capacidade de liderança e articulação. Enquanto isto, na Fazenda Campo é o próprio João<br />

quem exerce autoridade.<br />

Entretanto, na cidade de Araçuaí há duas Aranã, Rosa e Terezinha, filhas de Pedro<br />

Sangê, que apesar de serem mulheres são consideradas pelo povo de alguma forma como<br />

líderes. Estas conseguiram estudar e uma se tornou professora. Dado ao nível de formação,<br />

elas detêm maior capacidade de articulação e diálogo com entidades e pessoas envolvidas<br />

na luta, sendo portanto pessoas chaves para todo o grupo.<br />

9.1.7. PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS<br />

Apesar da dispersão eles mantiveram a consciência da sua indianidade, e talvez o<br />

que mais contribuiu para isto foram os encontros familiares. Periodicamente eles<br />

promovem o encontro de todas as famílias para se confraternizarem e firmar os laços<br />

fraternais. Estes encontros são motivos de festa e comemoração para todo o grupo que se<br />

alegra e aproveita para cantar, contar histórias e rezar. Esta é sem dúvida uma das<br />

principais manifestações culturais deste povo, pois evidencia o sentimento de “grande<br />

família”, se distinguindo como segmento diferenciado da sociedade regional.<br />

Nestes encontros, aproveitam ainda para fabricar e ingerir uma bebida muito<br />

peculiar das famílias Aranã, chamada de “chamego”. “Ela é feita a partir de uma planta<br />

corante, conhecida como ‘quiabinho’, garapa de cana e cachaça, como ensinou Pedro<br />

Sangê” (Mattos, 1998.19), e eles afirmam que ninguém fica bêbado ao ingeri-la, mas<br />

apenas “chamegoso”, daí o seu nome. Segundo Geralda Soares 129 , realmente a bebida<br />

possui baixo teor alcoólico. O próprio cultivo do “quiabinho” também é um manifestação<br />

cultural, pois é muito peculiar das suas famílias.<br />

Depois do movimento em busca do reconhecimento étnico, eles passaram também a<br />

produzir artesanato e a praticar a pintura corporal. Entretanto, isto é claramente uma<br />

tentativa de reafirmação cultural e não uma prática preservada. O contato com os<br />

Pankararu os tem influenciado bastante. O território dos mesmos está dividido<br />

129 Em entrevista do dia 11/02/02.

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