SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />
Os Krenak não são assistidos por uma equipe de saúde, tendo à sua disposição<br />
apenas um veículo da FUNASA para conduzir até o posto médico ou hospital da cidade de<br />
Resplendor, aqueles que necessitam de assistência. Há uma auxiliar de enfermagem<br />
indígena, chamada Sônia, filha do cacique Him que, trabalhando no Posto Médico, é<br />
liberada para atender pacientes do seu povo nos casos mais simples.<br />
Não tendo pajé, a comunidade indígena abandonou quase que completamente seus<br />
métodos tradicionais de medicina, tornando-se totalmente dependente do transporte da<br />
FUNASA e atendimento do sistema de saúde da cidade. A questão principal é que um<br />
único veículo nem sempre é suficiente para atender a todo o povo que é altamente disperso<br />
por todo o território. Algumas famílias se vêem em dificuldade para solicitar o veículo<br />
dada a sua localização isolada. As estradas que cortam a reserva estão em péssimo estado,<br />
e em épocas de chuvas tornam-se intransitáveis, e isto se aplica não apenas ao transporte de<br />
doentes mas ao transporte em geral.<br />
4.1.7.2. ESCOLA<br />
Nas aldeias Barra do Eme e Córrego da Gata há escolas de ensino básico para<br />
crianças, apesar de funcionarem em estado de precariedade. Há professores indígenas,<br />
formados pelo Projeto UHITUP no Parque Estadual do Rio Doce (Dutra, 1998.58), mas as<br />
escolas não progrediram, funcionando somente no nível básico. Desta forma, os<br />
adolescentes e jovens que desejam dar continuidade aos seus estudos precisam se deslocar<br />
diariamente para a cidade de Resplendor, o que não é tão fácil. A prefeitura municipal<br />
providenciou um ônibus para transportar os alunos krenak e demais da região, entretanto, é<br />
preciso atravessar o Rio Doce de bote, o que, em épocas de enchentes, torna-se inviável.<br />
Mesmo em tempos de seca não é tão fácil. Quando da nossa pesquisa de campo,<br />
atravessamos o rio com o grupo de estudantes, sendo que dois remavam e um tirava água<br />
com um balde, pois o bote estava furado.<br />
Outro fato, e talvez o mais complicador, é que há um forte sentimento de<br />
discriminação em relação aos indígenas por toda população regional, e por isto, os<br />
estudantes Krenak em escolas convencionais são fortemente estigmatizados. A<br />
discriminação em sala de aula é patente até por parte de vários professores. Há uma<br />
professora da escola de Resplendor – Marli Schiavini de Castro – que fazendo parte do<br />
GTME – Grupo de Trabalho Missionário Evangélico 68 e ali atuando desde 1989, tenta<br />
68 O GTME desenvolve um trabalho semelhante ao CIMI, não se envolvendo com evangelização. Atua na<br />
área do assistencialismo e, no caso Krenak, foi um dos principais órgãos de articulação e apoio na luta pela<br />
terra. A professora Marli Castro é a principal obreira do GTME entre os Krenak.<br />
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