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SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />

Conseqüentemente, instaurou-se um clima de revolta e medo na reserva,<br />

aumentando drasticamente a tensão. Por volta das duas horas da madrugada, do dia 12 de<br />

fevereiro de 1987, na aldeia Sapé, a casa do vice-cacique Rosalino Gomes de Oliveira foi<br />

cercada por dezesseis pistoleiros que dispararam tiros impiedosamente contra todos que<br />

estavam na residência. Naquele dia foram mortos os indígenas Rosalino, José Teixeira e<br />

Manuel Fiuza da Silva, que ainda se recuperava dos ferimentos do ultimo ataque. Anísia<br />

Nunes, esposa de Rosalino, grávida de dois meses, abraçando a filha Rosalina, de apenas<br />

dois anos, também foi ferida no braço. Seu filho José Nunes, hoje um dos professores<br />

Xacriabá, naquela época apenas com dez anos de idade, foi obrigado a arrastar o corpo<br />

ensangüentado do pai até o terreiro, para os pistoleiros verificarem se realmente estava<br />

morto. Seu irmão, Domingos Nunes, conseguiu fugir sob tiros em sua direção, e é o<br />

próprio que relata esta drástica e revoltante chacina (Oliveira, 1997.35,36).<br />

Com esta chacina o processo foi levado a sério e assim, ainda em 1987, finalmente<br />

foi processada a expulsão dos posseiros da reserva Xacriabá. No entanto, dois fatos ainda<br />

os incomodavam. Seu território permaneceu ligado ao município de Itacarambi, onde o<br />

prefeito não era nem um pouco simpatizante dos indígenas, aliás, foi um dos mandantes<br />

desta última chacina. Desta forma, continuam lutando até que em 1996 São João das<br />

Missões foi emancipado município, se desligando assim de Itacarambi, e o cacique<br />

Rodrigão foi eleito e reeleito vice-prefeito (Dutra, 1998.36-38). Outro fato, era o vilarejo<br />

de Rancharia, que com aproximadamente setenta famílias, somando cerca de seiscentas<br />

pessoas, permanecia não homologado como território indígena. Em 1996, entraram com<br />

uma reivindicação oficial junto à FUNAI solicitando a regularização de Rancharia com<br />

6.600 ha., o que aconteceu no início de 2001, ampliando assim o território total dos<br />

Xacriabá para 53.014,92 ha. Assim, finalmente reina paz na reserva Xacriabá.<br />

5.4.2. A LUTA DOS KRENAK<br />

Apesar de receberem terras do governo em 1920, os Krenak não tomaram posse<br />

efetiva das mesmas tão cedo. Com a prática do arrendamento de terras indígenas, os reais<br />

proprietários foram sendo compulsoriamente expulsos. Já em 1923 acontece um terrível<br />

massacre em Cuparaque, município de Resplendor, quando vários homens, mulheres e<br />

crianças Krenak foram assassinados. Em 1930, o SPI transfere outros povos indígenas para<br />

o Posto <strong>Indígena</strong> Krenak o que resulta numa óbvia miscigenação étnica.<br />

Em 1942 seu território foi demarcado com uma área de 3.983.09 ha., mas em 1956<br />

são exilados para as terras dos seus antigos inimigos Maxakali e o Posto <strong>Indígena</strong><br />

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