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SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong> 140<br />

de espíritos. Alguns chegam a “engolir cobras” no momentos destes rituais. 116 Foi o Jerry<br />

quem introduziu no grupo o nome Casa de Ritual para o Rancho, nome este que vai sendo<br />

adotado pela maioria. Há um Kaxixó chamado Manoel Peão, considerado por todos o pajé<br />

do grupo, por possuir “força e poder de cura”, mas este vive no povoado de Ibitira.<br />

8.1.5.1. ENTIDADES ESPIRITUAIS<br />

Da antiga comoslogia Kaxixó, duas entidades principais são ainda centrais na sua<br />

cosmovisão. A primeira é Jacy, a quem atribuem as qualidades de Deus. Jacy era o nome<br />

dado à lua por grupos Tupi na época do contato, sendo provável que os Kaxixó herdaram<br />

este nome dos “carijó” que vieram de São Paulo e o relacionaram com o Deus Verdadeiro,<br />

preservando-o até hoje. A este, faz oposição o terrível e malvado Angüera, nome que dão<br />

ao próprio Diabo. Da mesma forma, parece se tratar de alguma antiga entidade do grupo,<br />

da qual foi preservado o nome apenas, pois todos o definem como “o Capeta ou Demônio”.<br />

Os rito lá vai vortando, mais os que é católico segue a católica, agora aquês que<br />

num era católico aprendeu, cunhece quê que é Jesus Cristo (...) Jerry mesmo, que é<br />

o vice-cacique, puxa muito é na língua Angüera. Eu não tinha falado isso. Angüera<br />

na língua nossa, de índio, é o Capeta, é o demônio, uns chama de rabudo da língua<br />

branca, né? Então esses selvagem era danado pra puxar é nisso. Então quando o<br />

Jerry faz, num bate na turma bem aqui não, que ês puxa muito é na lei Angüera. 117<br />

Mas há ainda uma terceira classe de entidades presentes na cosmologia Kaxixó, que<br />

são os lendários Caboclos d’Água. Sobre estes Caldeira (1999.34) comenta:<br />

Seres fantásticos, os caboclos d’água representam a total rejeição ao contato com os<br />

“brancos”. Refugiando-se nas águas do rio Pará, eles são descritos como homens de<br />

estatura muito baixa, corpo coberto de pêlos e braços muito fortes. Habitando<br />

algumas locas às margens do rio, eles teriam aprendido a sobreviver tanto na terra<br />

quanto embaixo d’água (...).<br />

Descritos como homens que nadam como peixes, surgindo apenas para algumas<br />

pessoas, eles seriam possuidores de uma fala ou língua específica. Todavia, isto não<br />

teria impedido a comunicação entre eles e seus parentes Kaxixó, pois são capazes<br />

de se fazer entender ou de serem entendidos.<br />

Estes seres balançam as canoas das pessoas, no intuito de brincar com elas, e os<br />

Kaxixó teriam “cruzado” com eles nas águas do Rio Pará, compondo assim um grupo<br />

desconhecido. Desta forma, os Kaxixó atuais se consideram descendentes destes seres.<br />

8.1.5.2. DANÇAS TRADICIONAIS<br />

A principal dança dos Kaxixó é a chamada Dança do Jacaré, que tem sido pouco<br />

praticada mas ainda está vívida na memória de todo o povo. Entretanto, tudo indica que a<br />

116 Segundo o senhor Djalma, na entrevista do dia 18/03/02.<br />

117 Idem.

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