SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong> 100<br />
escolas ou afins das cidades vizinhas, é o cacique quem escolhe ou indica. Também no<br />
awê, é ele quem lidera a dança, dado ao fato de não possuírem mais pajé. São escolhidos<br />
de forma democrática para mandatos de tempo indeterminado.<br />
5.1.5.2. SUBCACIQUES<br />
Geralmente chefes de famílias influentes de cada vilarejo, os subcaciques possuem<br />
as mesmas especificações dos caciques só que na ausência destes. Entretanto, pela posição<br />
de confiança e simpatia que detêm, a palavra dos mesmos são influenciadoras nas decisões.<br />
5.1.6. PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS<br />
É latente a necessidade que os Pataxó de <strong>Minas</strong> sentem de afirmarem a sua<br />
indianidade à sociedade externa. Parece que pelo fato de terem perdido a sua língua e<br />
grande parte da sua cultura tradicional 80 , eles sentem a necessidade de demonstrar<br />
publicamente que ainda assim continuam sendo indígenas, o que procuram fazer<br />
principalmente através da venda de artesanato que é o principal contato e meio de interação<br />
que têm com a sociedade externa. Parece que Faria (1992.90) percebeu com precisão este<br />
sentimento e conseguiu expressá-lo com criatividade. Ela comenta que “cada peça<br />
funciona como uma espécie de ‘atestado’ que é passado adiante e circula por membros da<br />
sociedade nacional, fazendo com que todos os que o vejam saibam que os índios Pataxó o<br />
produziram e, portanto, existem”. Mas é fácil perceber também, que a sua cultura se<br />
manifesta em várias outras características da sua sociedade. Vejamos algumas:<br />
5.1.6.1. POSSE COMUNITÁRIA DA TERRA<br />
Certamente esta é uma das principais manifestações culturais da indianidade<br />
Pataxó, pois como os demais grupos indígenas eles não têm a terra como propriedade<br />
privada ou particular, não nutrindo o sentimento de posse pessoal. A terra é para eles um<br />
bem comum, meio de sobrevivência, pertencente a todo grupo.<br />
Mas há uma particularidade no caso dos Pataxó, pois enquanto na maioria dos<br />
grupos não apenas a posse, mas também a exploração da terra é comunitária, recaindo<br />
geralmente sobre o cacique a responsabilidade de determinar onde deve ou não fazer<br />
cultivo, os Pataxó transferem a responsabilidade de exploração para as famílias (Faria,<br />
80 Faria (1992.79) faz uma análise mais precisa acerca dos fatores modificadores da sua estrutura social,<br />
apontando como primeiros e principais “o contato prolongado e, ao que parece, ininterrupto, entre os Pataxó<br />
e a sociedade nacional, o aldeamento compulsório, a ação dos agentes governamentais e a sedentarização<br />
forçada”.