SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
3. PERÍODO COLONIAL<br />
<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />
Não é possível generalizar o contato dos vários grupos indígenas de <strong>Minas</strong> com os<br />
colonizadores europeus, pois enquanto alguns foram contactados já no século XVI, para<br />
outros o contato só veio a acontecer no século XIX. Podemos porém estabelecer a partir de<br />
quando eles começaram a ser contactados.<br />
Já nos dias da chegada ao Brasil, os europeus ouviam histórias dos indígenas do<br />
litoral sobre os grandes tesouros minerais que haviam no interior. Uma destas histórias era<br />
sobre Sabarabussu 7 (Serra Resplandecente) que seria riquíssima em prata e ouro. A partir<br />
de 1553, expedições são enviadas em busca dos tesouros do interior – incluindo<br />
Sabarabussu – formando assim as famosas bandeiras, compostas por grupos de até mil<br />
pessoas (CEDEFES, 1987.22). Entretanto, a colonização de <strong>Minas</strong> começou efetivamente<br />
só no final do século XVII, com os paulistas que penetraram o sertão dos Cataguases<br />
(Moreno, 2001.19), dentre os quais o mais conhecido é Fernão Dias Paes Leme, que foi<br />
nomeado pelo Rei de Portugal para apossar-se do famoso tesouro de Sabarabussu, sendo<br />
atribuído à sua bandeira o povoamento de <strong>Minas</strong> Gerais em 1674.<br />
Ciente da forte presença indígena nesta região, Fernão Dias leva consigo os<br />
melhores matadores de indígenas, como seu filho Matias Cardoso e o seu genro Manuel<br />
Borba Gato que guerrearam com os Xacriabá. Inicia-se assim efetivamente o sanguinolento<br />
contato dos indígenas de <strong>Minas</strong> com homens que nos livros de história do Brasil são<br />
chamados de heróis, desbravadores do sertão, fundadores de cidades, hoje homenageados,<br />
dando a ruas, bairros e cidades 8 os seus nomes, mas que para os indígenas do século XVII<br />
foram, na verdade, cruéis assassinos e invasores das suas terras.<br />
À medida que iam adentrando o interior, algumas tribos fugiam do contato, outras<br />
resistiam aos exploradores. As que fugiam, se uniam a outras tribos ou acabavam se<br />
envolvendo em conflitos intertribais devido a questão de território, principalmente com os<br />
7 Expressão indígena que viria posteriormente dar nome a atual cidade de Sabará, da grande Belo Horizonte.<br />
8 Inclusive, uma pequena cidade do norte de <strong>Minas</strong>, nas proximidades da reserva Xacriabá, até hoje se chama<br />
Matias Cardoso, em homenagem àquele que lutou com os Xacriabá.<br />
11