SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong> 112<br />
Eles se identificam como católicos e veneram vários dos seus santos, entretanto,<br />
acham possível conciliar sua catolicidade com sua tradicional religião, como fica claro nos<br />
textos abaixo, ambos registrados por índios Pankararu:<br />
Porque nós somos católicos (...) Nós acreditamos em Deus, no bom Jesus da<br />
Lapa, em Nossa Senhora, nos Santos. Mas não achamos que é a mesma coisa.<br />
Deus acima de tudo e depois os Praiá que nos acompanham e nos protegem –<br />
ensina sempre mãe Benvina Pankararu (Relatório, 2000.18)<br />
Nós adoramos os Praiá, que em nossa tradição é Deus, que nos dão até hoje a<br />
resistência, a luz, a força. São nossos próprios ancestrais que nos protegem (...)<br />
Nossa religião é indígena. Nós passamos de pais para filhos, nós seguimos<br />
nossos costumes (Thydêwá.Internet).<br />
Desta forma, podemos classificar os Pankararu como católicos sincretistas, com<br />
fortes traços animistas. As palavras da indigenista Vanessa Caldeira (2001c.37) são<br />
ratificadoras neste sentido:<br />
O sincretismo religioso compõe a realidade pankararu, assim como compõe a<br />
realidade de grande parte das populações indígenas no país. Ser católico e possuir<br />
uma crença indígena simultaneamente não significa problema para os Pankararu.<br />
Acreditar em Deus e nos Praiás, participar do ritual do batismo da Igreja Católica e<br />
realizar o ritual do Menino no Rancho, rezar o Pai Nosso e cantar para os Praiás<br />
compõe hoje a cosmologia, a forma dos Pankararu perceberem e compreenderem o<br />
mundo.<br />
6.1.4.1. DANÇAS CERIMONIAIS<br />
As danças cerimoniais Pankararu são marcadas pelas cantorias, indumentárias e<br />
pinturas corporais, bem como pelos vários instrumentos, como flauta, o maracá e o apito<br />
“rabo de tatu” (Relatório, 2000.18). São muito freqüentes e constituem a principal<br />
manifestação cultural e religiosa dos Pankararu.<br />
6.1.4.1.1. TORÉ<br />
Os grupos indígenas do Nordeste, quase na sua totalidade, adotaram a expressão<br />
Toré para suas danças cerimonias, mas cada um pratica o mesmo à sua forma, sendo<br />
comum a dança, cantorias e o uso de alguma bebida que geralmente é peculiar a cada<br />
grupo. Desta forma, os Pankararu também chamam de Toré sua dança tradicional, que<br />
além de ser realizada em datas específicas e expontâneas, sempre estão presentes nos<br />
demais rituais religiosos. No caso do Toré dos Pankararu, Torres (internet) faz uma<br />
excelente descrição:<br />
O Toré é dançado ao ar livre por homens, mulheres e crianças, em qualquer época<br />
do ano, dependendo apenas da disposição da comunidade. Para os Pankararu, o