28.05.2013 Views

SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />

insatisfação dos indígenas e deu liberdade para a entrada de posseiros. O Pradinho que se<br />

encontrava invadido por fazendeiros não foi demarcado. Até a fundação do posto as terras<br />

eram exploradas pelo comércio de poaia, peles e madeira que durou até quase o<br />

desaparecimento total das matas.<br />

Segundo dados do arquivo do SPI, no ano de 1942 a população Maxakali estava<br />

reduzida a cinqüenta e nove pessoas (Rubinger, 1963.252). Entretanto, parece que estes<br />

dados não são precisos, pois como citado acima, Nimuendajú, apenas três anos antes,<br />

registra cento e vinte a cento e quarenta indígenas, e o próprio arquivo do SPI registra<br />

cento e dezoito pessoas em 1943, um ano depois (Rubinger, 1963.253). O certo é que neste<br />

período os Maxakali estavam reduzidos a um pequeno grupo de pessoas. Aliás, não foi a<br />

primeira vez, pois Amorim (1966.5) afirma que em datas anteriores um surto “de sarampo<br />

reduziu ainda mais a população, restando apenas cerca de 15 indivíduos, sendo o número<br />

de homens duas vezes maior que o de mulheres”.<br />

Antônio Cascorado Maxakali liderou, na aldeia do Pradinho, a luta pela terra. Os<br />

conflitos envolvendo índios e fazendeiros continuaram e são expulsos cinqüenta agregados<br />

trazidos de Felizburgo. Em 24 de dezembro de 1955 é assassinado o líder Cascorado<br />

Maxakali. O governo então decide demarcar a aldeia do Pradinho com 1.028,39 ha.<br />

separada de Água Boa, com 2.412,19 ha., por uma área de 1.852,55 ha. A demarcação é<br />

feita em 1956 mas com a extinção do SPI e surgimento da GRIN e FUNAI, segue um<br />

período de grande instabilidade. Em 1972 o Governador do Estado de <strong>Minas</strong> Gerais,<br />

Rondon Pacheco, através da Rural <strong>Minas</strong> titula os onze fazendeiros que ocupavam a área<br />

intermediária entre Água Boa e Pradinho.<br />

No ano de 1979 é liberada para a pastoral indigenista a presença de uma equipe de<br />

missionários do CIMI Leste na área. No ano seguinte a FUNAI responde às pressões dos<br />

fazendeiros implantando o PDIA – Projeto de Desenvolvimento, Integração e Assimilação<br />

– em convênios com a UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora. Neste projeto, houve<br />

uma integração de professores, antropólogos, psicólogos e médicos para conseguirem a<br />

assimilação dos indígenas. Desrespeitaram sua identidade étnica e cultural ao tentarem<br />

impor um outro modo de vida e organização. O conflito entre índios e posseiros toma<br />

dimensões gigantescas, culminando em brutescos assassinatos.<br />

Dia 09 de julho de 1983, dois grupos de Maxakali retornam do sul da Bahia, onde<br />

havia vendido uma boa quantidade de feijão. Haviam também ingerido bastante bebida<br />

alcoólica, estando assim embriagados. O grupo de Alcides era o último e juntamente com<br />

ele vinha sua esposa Jovita e seu filho, ainda criança. Alcides era filho do cacique<br />

30

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!