SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
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3.2.2. CENTROS ESTRATÉGICOS<br />
<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />
Como tem sido já usado pelos missionários lá presentes, os dois centros mais<br />
estratégicos para o trabalho entre eles, já que a FUNAI não permite que missionários fixem<br />
residência nas aldeias, são Santa Helena de <strong>Minas</strong>, a 12 km da aldeia de Água Boa, e<br />
Batinga (BA) a 13 km da aldeia do Pradinho. Há estradas razoavelmente boas.<br />
3.2.3. A QUESTÃO ANIMISTA<br />
Como os Maxakali preservam com vivacidade seus valores animistas, numa<br />
abordagem missionária faz-se necessário muita atenção à questão dos significados de<br />
conceitos e fenômenos, bem como da função cultural dos mesmos. Haverá sempre um<br />
risco deles entenderem o evangelho ou alguns conceitos cristãos à luz dos seus conceitos<br />
animistas, gerando assim um sincretismo religioso, infelizmente comum em muitos grupos<br />
tribais que receberam o evangelho.<br />
Faz-se necessário um estudo mais profundo da cosmologia Maxakali, pois a mesma<br />
é bastante complexa. O natural e o sobrenatural se confundem, não sendo claramente<br />
distinguidos. As entidades espirituais são tão reais quanto as pessoas e objetos, daí o<br />
convívio constante com elas. Seus tabus e costumes, partem do lendário para o cotidiano,<br />
sendo justificados e instituídos através de mitos sobre ocorrências com seus ancestrais. Um<br />
ponto que pode ser explorado na abordagem cosmológica, é a questão do surgimento do<br />
homem. Há vários mitos sobre o inicial relacionamento do homem com Topa e o<br />
afastamento do mesmo quando do rompimento de “um pacto”, com um conseqüente<br />
castigo, em forma de um grande dilúvio (Soares, 1995.1), havendo variantes quanto ao<br />
número de sobreviventes que deram origem ao povo Maxakali, repovoando a terra através<br />
de relações com uma corça (Alves, 1999.91). Já os “brancos” seriam “descendentes das<br />
cinzas de um monstro lendário, o ‘înmõxa” (Popovich, 1993.25). Entretanto, todos estes<br />
mitos partem do pressuposto da já existência de pessoas, não havendo assim, um mito<br />
sobre o surgimento do primeiro homem. Por várias vezes, este pesquisador levantou tal<br />
questionamento e a reação dos anciãos foi titubeante, confessando não terem uma resposta.<br />
Ao que parece, a principal razão da indiferença deles em relação ao Evangelho, é<br />
porque vêem Jesus como o “Topa dos brancos 61 ” e consequentemente, a Bíblia é a Palavra<br />
do “Topa dos brancos” e assim por diante. Como a história da criação de Adão e Eva já foi<br />
introduzida ao conhecimento dos mesmos através do Popovichs, há fortes possibilidades<br />
61 Em entrevista com Zezinho Maxakali, no dia 08/02/02.<br />
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