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SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

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5.1.1. OS POSTOS DE ATRAÇÃO<br />

<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />

Os postos de atração eram uma nova versão dos aldeamentos. Neles, eram<br />

concentrados um determinado número de indígenas, para a utilização do restante de suas<br />

terras. As estradas de ferro penetraram no território dos últimos Botocudos, em <strong>Minas</strong>, e<br />

para evitar conflitos entre estes, já famosos pela sua belicosidade, e os operários, o SPI<br />

criou cinco postos de atração: (1) Posto da Ermida, no trecho baiano do Jequitinhonha;<br />

(2) Posto do Rio Pepinuque, para o grupo dos índios Jiporok; (3) Posto do Rio Pancas,<br />

no Espírito Santo, para os Miñajirum; (4) Outro no Rio Pancas, para os Gutkrak; e o (5)<br />

Posto do Rio Eme, em <strong>Minas</strong>, para os Krenak (Paraíso, 1998.420). Em decorrência do<br />

contato, uma grande quantidade de doenças infecto-contagiosas dizimaram a população<br />

indígena destes postos, e aos poucos o SPI foi desativando os mesmos, sob a alegação da<br />

drástica redução populacional, restando apenas o Posto do Rio Eme, destinado aos Krenak,<br />

para onde foram transferidos os sobreviventes dos demais postos (Soares, 1992.131).<br />

5.1.2. ARRENDAMENTO DE TERRAS INDÍGENAS<br />

Em 1920, o governador de <strong>Minas</strong> Gerais, Arthur Bernardes, decide doar terras aos<br />

indígenas do Estado. A esta altura, os mais de cem grupos que aqui viviam no século XVI,<br />

estavam reduzidos a três apenas – Xacriabá, Maxakali e Krenak. A maioria foi totalmente<br />

extinta e alguns fugiram para outros estados. Os Xacriabá permaneciam com suas terras no<br />

norte, sendo crescentemente invadidas por campesinos e fazendeiros. Assim, Arthur<br />

Bernardes entrega aos Maxakali 4 mil ha. e aos Krenak 2 mil ha., ampliando<br />

posteriormente para 4 mil ha. também. Entretanto, alegando que os indígenas eram<br />

nômades e sua incipiente agricultura insuficiente para sustentá-los, funcionários do SPI<br />

começaram em 1921 a arrendar terras indígenas – Maxakali e Krenak – para trabalhadores<br />

nacionais, que deveriam pagar com alimento para os indígenas (Paraíso, 1998.421).<br />

Desta forma, tem início efetivo a intrusão de agricultores e fazendeiros nestas<br />

terras, que com o passar do tempo foram se tornando “donos” das terras cultivadas. Para a<br />

criação de bovinos, estas terras, principalmente a dos Maxakali, são desmatadas<br />

transformando-se em pasto, o que acaba com a caça e coleta. Com o desmatamento, os rios<br />

diminuem, desaparecendo também a pesca. Sem suas principais fontes de subsistência, os<br />

índios começam a arrebatar animais dos intrusos de suas terras, bem como, da população<br />

vizinha. O sentimento de ódio e repulsa por parte da população dominante em relação aos<br />

indígenas aumenta ascendentemente. Este conflito entre os inicialmente arrendatários, mas<br />

posteriormente declarados intrusos, perdura até o final do século XX.<br />

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