28.05.2013 Views

SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong> 115<br />

rituais e tradições. Participam de todos os rituais praticados na aldeia, quando alguns<br />

homens do grupo pintam o próprio corpo e se vestem com as indumentárias feitas de croá –<br />

um saiote que cobre até os pés e uma máscara ou peruca, que cobre toda a cabeça, rosto e<br />

parte superior do corpo, de modo a ficar difícil identificar a pessoa durante a noite escura.<br />

Os homens se enfeitam fora da aldeia e ao adentrarem a mesma as mulheres e crianças<br />

devem acreditar que não são homens, pois quando estes recebem um praiá, eles se<br />

transformam no próprio praiá.<br />

A crença nos praiás é sem dúvida o ponto da sua religiosidade mais arraigado<br />

culturalmente. Não se sabe ao certo quantos destes seres compõem o universo cosmológico<br />

Pankararu, mas há indícios de que sejam em número de vinte e dois (Torres.Internet). Cada<br />

grupo possui um praiá como seu protetor, que no caso do grupo de <strong>Minas</strong> é o Apukaré, por<br />

isto o nome da sua aldeia. Sabe-se também que cada praiá possui seu canto e sua história<br />

(Caldeira, 2001c.37). Não dispomos de maiores informações acerca das peculiaridades<br />

destas entidades, mas tudo indica que os próprios Pankararu não se preocupam com estas<br />

informações.<br />

6.1.4.3. LOCAIS SAGRADOS<br />

6.1.4.3.1. PORÓ<br />

Os Pankararu não possuem uma “casa de religião”, pois o Toré é realizado ao ar<br />

livre, no terreiro, com a participação de todos, mas o poró para eles é sagrado. Trata-se de<br />

uma pequena clareira aberta na mata para os homens se arrumarem para as cerimônias<br />

(Relatório, 2000.18). É ali que eles colocam suas vestimentas rituais e saem como<br />

personificadores dos praiás. Isto acontece sempre antes dos rituais, quando fumam no<br />

cachimbo (campiô) e também ingerem a “garapa” ou “decitá” – caldo de cana, na ausência<br />

da qual, dissolvem a rapadura fazendo um caldo similar, que é o caso do grupo de <strong>Minas</strong> 94 .<br />

Nos intervalos da dança sempre retornam ao poró para ingerirem mais “garapa”. Neste<br />

local é terminantemente proibida a presença de mulheres, pois é ali que os homens<br />

recebem os praiás – ao que parece, no momento que fumam o cachimbo – e as mulheres<br />

não podem presenciar este momento. Na verdade, parece que a sacramentalidade deste<br />

local está mais relacionada ao costume de manter sigilo às mulheres quanto ao que<br />

acontece ali 95 .<br />

94 Segundo a indigenista Geralda Soares, que atualmente tem dedicado seus trabalhos aos Pankararu e Aranã.<br />

Em entrevista do dia 11/07/02.<br />

95<br />

Em correspondência pessoal (28/05/02), o missionário Élio Moraes, afirmou ser este costume muito<br />

semelhante ao exibido no filme “ee-taow”, do povo Mouk da Papua Nova Guiné, e ressaltou que lá, em

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!