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SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />

que para lá fugiram, principalmente durante os vários exílios que sofreram, e se fixaram<br />

através de casamentos. Ainda hoje, há uma relativa movimentação de famílias indo e<br />

voltando de Vanuíre, dado aos laços de parentesco e amizade. Segundo o cacique Him, é<br />

provável que os Krenak de Vanuíre somem um número maior que os do Rio Doce 64 . Além<br />

deste, há também grupos de Krenak vivendo nas cidade de Colatina, no Espírito Santo, e<br />

Conselheiro Pena, município vizinho da reserva, em <strong>Minas</strong> Gerais (Faria, 1992.14). Estes,<br />

porém, já se integraram totalmente na sociedade externa, não demonstrando interesse em<br />

retornar para o território tradicional.<br />

4.1.4. SITUAÇÃO LUINGÜÍSTICA<br />

Em alguns períodos da história, os Krenak chegaram a ser proibidos de falar a sua<br />

língua (Dutra, 1998.103), o que, somado ao forçado processo de miscigenação e dispersão,<br />

resultou numa perda quase total da língua, fazendo com que todos se tornassem falantes do<br />

português. Entretanto, as mulheres mais idosas preservaram a língua, passando para suas<br />

filhas, que não eram vistas como ameaça. Algumas delas, quando crianças, aprenderam a<br />

falar apenas a língua tradicional, como Laurita Félix que veio aprender o português com<br />

doze anos de idade, e Maria Júlia, que só aprendeu quando começou a estudar numa escola<br />

convencional.<br />

Novamente de posse do seu território tradicional, iniciaram um intenso processo de<br />

resgate cultural e lingüístico, que já tem dado resultados visíveis e muito positivos. Grande<br />

parte dos jovens, adolescentes e quase todas as crianças já se comunicam bem na sua<br />

língua tribal, que é ensinada na escola como uma das principais disciplinas do seu<br />

currículo. No lar, as mães, avós e irmãos, procuram intencionalmente conversar com as<br />

crianças também na língua para desenvolver a capacidade de conversação. Assim, a<br />

comunidade Krenak vai resgatando sua língua e linguagem tradicional. As palavras de<br />

Laurita Félix são denunciadoras e também ricas em informações de como isto acontece:<br />

No tempo do Pinheiro, os soldados não deixavam a gente falar na língua, diziam:<br />

fala direito! Acho que por isso foram deixando de aprender (...) Eu falo com meus<br />

netos, fico sozinha com meu netinho e converso com ele, tudo na língua. Mando ele<br />

espantar galinha, ele espanta; mando ele tocar o gado, ele toca; tudo na língua<br />

(Dutra, 1998.103).<br />

Apesar de sabermos que a língua Krenak é do tronco Macro-Jê, da família<br />

Botocudo, a mesma ainda carece de uma sistematização gramatical, pois em 1982 a<br />

lingüista Lucy Seky iniciou um trabalho entre eles (Paraíso, 1998.430), mas não obteve<br />

64 Em entrevista do dia 07/05/02.<br />

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