SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS
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4.3.3. VALE DO MUCURI<br />
<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong><br />
O Vale do Mucuri é o último a ser dominado pelos exploradores e isto se dá<br />
somente a partir da segunda metade do século XIX. A partir de 1847, chega no Vale a<br />
Companhia do Mucuri, chefiada por Teófilo Otoni que pretende ligar <strong>Minas</strong> Gerais ao<br />
litoral, pois este território ainda era isolado do mar por uma enorme cadeia de montanhas.<br />
Seu sonho é conseguir exportar produtos mineiros para o exterior.<br />
Teófilo Otoni possuía uma filosofia de conquista semelhante a de Guido Marlière.<br />
Seu método não incluía massacres aos indígenas, mas posse de suas terras pela amizade.<br />
Sua primeira tentativa de ligar <strong>Minas</strong> ao mar, foi através da navegação no Rio Mucuri e<br />
para isto construiu dois navios, mas descobriu por fim que o rio não era navegável. Decidiu<br />
então construir uma estrada, o que fez através de braços de mestiços, indígenas e negros,<br />
mas a mesma se tornou inviável devido a doenças, como a malária, que eram muito<br />
comuns na região, bem como, ataques indígenas. Não alcançando seus objetivos, Teófilo<br />
Otoni se retirou do Vale no final da década de 1950, mas deixou para trás colonos,<br />
catadores de poaia, e uma guerra brutal contra os indígenas marcada por invasões de terras,<br />
matança indiscriminada, epidemias de sarampo, varíola e gripe, provocadas de propósito<br />
através de roupas contaminadas e comidas envenenadas (CEDEFES, 1987.42).<br />
4.4. O ALDEAMENTO DE ITAMBACURI<br />
Em 1841, os padres Capuchinhos são contratados pelo Imperador do Brasil para<br />
civilizarem os indígenas (Soares, 1992.73), que tanto resistiam aos colonizadores. Em<br />
1873, Frei Serafim de Gorízia e Frei Ângelo de Sassoferrado chegam ao Vale do Mucuri e<br />
fundam o aldeamento de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, onde hoje é a cidade de<br />
Itambacuri. Eles são chamados de Ink-Jak de Tupan – irmãos de Deus. Este aldeamento<br />
visava catequizar principalmente os índios “Botocudos” – na verdade, o grupo Pojixá do<br />
Vale do São Mateus – que eram os mais belicosos e resistentes. De todos os aldeamentos<br />
de <strong>Minas</strong>, este foi o mais influente e consequentemente o mais bem documentado.<br />
O mais detalhado e fiel relato sobre este aldeamento foi deixado pelo indígena<br />
Domingos Ramos Pacó, filho do “língua” (tradutor) Félix Ramos da Cruz, que foi<br />
catequizado por estes padres, se tornou professor neste aldeamento e em 1918 escreveu um<br />
dos mais raros documentos escrito por um indígena brasileiro do século XIX 17 .<br />
17 Hámbric Anhamprán ti Maltâ Nhiñchopón? 1918. In: RIBEIRO, Eduardo Magalhães (org). Lembranças da<br />
Terra – Histórias do Mucuri e Jequitinhonha. Contagem: CEDEFES, s.d.<br />
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