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SEGUNDA PARTE Minas Indígena - Instituto ANTROPOS

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<strong>Minas</strong> <strong>Indígena</strong> 175<br />

também um dos únicos realmente bilingüe, tinha um sério problema com álcool, bebendo<br />

constantemente. Com a chegada de Agustinho e a abordagem evangelística do mesmo,<br />

Zezinho parou de beber e depois de quinze dias sem experimentar álcool – fato até então<br />

inusitado – confessou a Jesus como Salvador e Senhor já testemunhando uma leveza em<br />

seu coração.<br />

Este fato nos aponta uma estratégia que precisa ser explorada no trabalho<br />

missionário entre indígenas do nosso país: obreiros indígenas trabalhando com os próprios<br />

indígenas. Obviamente se trata apenas da colheita de uma semeadura que vinha sendo feita<br />

no coração daquele homem, certamente desde os seus tempos de infância no convívio com<br />

os Popovich, e continuada através dos demais missionários, mas de qualquer forma este<br />

fato é por demais relevante. A comunicação estrangeiro ou nacional-nativo por melhor que<br />

seja jamais será igual à comunicação nativo-nativo. Vale aqui levantar a questão dos<br />

“índios citadinos” 151 . Talvez seja viável investir na evangelização destes indígenas que<br />

vivem em cidades, treiná-los como obreiros e enviá-los novamente aos seus respectivos<br />

povos como missionários, sob a supervisão de obreiros nacionais já experientes na área.<br />

Temos aqui também um caso clássico das três “ondas” missionárias (Souza,<br />

1996.36-37), ou seja, “estrangeira” – SIL com os Popovich; “nacional” – MNTB com os<br />

Lima e Gomes, Assembléia de Deus com o João Maria e Emanuel com a Marlene Martins;<br />

e “indígena” – Horizontes com os Cipriano. Observemos ainda, que as duas últimas<br />

“ondas” estão conjugadas, pois o casal Cipriano está atuando em parceria com Marlene<br />

Martins e os casais Lima e Gomes, pesando ainda o fato de serem apoiados por uma<br />

Missão nacional não-indígena. Isto é extraordinário, pois se conjugada toda a técnica<br />

estrangeira, com a experiência nacional e a capacidade nata indígena, podemos ter aí uma<br />

“grande onda”, forte o suficiente para, sob o mover de Deus, mudar a atual realidade<br />

indígena brasileira.<br />

3.2.3. CONFRONTO DE PODERES<br />

Redefinição Cosmológica – A ênfase no rompimento com as práticas sincréticas, a<br />

pregação que exige resposta decisória e a prática de exorcismos, tem redefinido a<br />

cosmologia Xacriabá, ao desmascarar os espíritos com os quais se relacionam<br />

demonstrando que estes são enganadores, manipuladores do mal.<br />

Expectativa de Libertação – Isso tem gerado esperanças no grupo, ao demonstrar<br />

que há possibilidade de libertação n’Aquele que é Todo-Poderoso. Não resta dúvidas que<br />

151 Termo antropológico recente usado para os indígenas que vivem em cidades.

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