Andréa Máris Campos Guerra - CliniCAPS
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A estabilização psicótica na perspectiva borromeana: criação e suplência<br />
expressa na fórmula ‘não há relação sexual’, conduziria Lacan, a partir das fórmulas da<br />
sexuação, a estabelecer um gozo disjunto do Outro e a propor o gozo fálico no campo<br />
masculino e o gozo dividido em gozo suplementar (Outro gozo) e gozo fálico no campo<br />
feminino. Valas (2001), por seu turno, escreve um livro sobre as dimensões do gozo,<br />
reunindo de maneira esquemática o estado da teoria de Lacan até o Seminário 20 de<br />
maneira bastante clara, explicitando cada um de seus elementos.<br />
Figura 04 – Esquema dos gozos em Jacques Lacan (VALAS, 2001, p. 36)<br />
Ele define, a partir de Lacan, o gozo do Outro como gozo originário, o que está na<br />
Coisa, apresentado como gozo do pai freudiano da horda primeva. Esse gozo só teria<br />
sentido pela ação retroativa do significante (S1) que barra seu acesso ao sujeito. O gozo<br />
fálico, por seu turno, seria o “gozo que resulta da sua codificação pelo significante e<br />
assume a sua significação fálica no Édipo” (VALAS, 2001, p. 36). O objeto a<br />
implicaria no resto de gozo que escapa ao processo de significantização, sendo por ele<br />
produzido como um excedente, mais de gozo. Por fim, o gozo feminino seria<br />
enigmático por excelência, na medida em que não seria tomado na linguagem.<br />
De qualquer maneira, esses textos apontam para a topologia, mas não desenvolvem a<br />
teoria dos gozos a partir desse referencial. Até mesmo Valas (2001) explica<br />
sucintamente a figura 05 na qual Lacan dispõe os três gozos, cujo ponto de bloqueio é o<br />
objeto a, dizendo que com ele Lacan avança na elaboração dos gozos, dando um passo<br />
novo ao falar da deriva do gozo. Aí, para Valas, Lacan nos conduz do mito da pulsão ao<br />
real do gozo. Kaufmann também “deduz que esse saber que não se sabe, que está no<br />
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