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Andréa Máris Campos Guerra - CliniCAPS

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A estabilização psicótica na perspectiva borromeana: criação e suplência<br />

E. A construção e a análise dos casos<br />

Trabalhamos com o estudo de caso seguindo a proposta aplicada por Freud à construção<br />

dos casos que escreveu, buscando recolher no material encontrado elementos que<br />

permitissem tecer considerações sobre nosso objeto de estudo. Freud, com seus casos<br />

clássicos, nos ensinou que construir o caso é construir a teoria. E, com Lacan,<br />

aprendemos que a topologia dos nós é uma realidade operatória. Assim, entendemos a<br />

topologia como recurso e como mostração. Ela operará em nosso caso como um<br />

localizador do sujeito, um instrumento de localização do sujeito. É um modelo de<br />

construção diferente da construção do caso clínico proposto por Viganò (1999). Ela<br />

também nos orienta na construção do caso, mas a partir do real em jogo para o sujeito.<br />

Revela seu modo de escrita do gozo ou mesmo a falha ou o erro dessa escrita, indicando<br />

o que pode repará-la. Assim, como método, ela serve como estratégia de construção do<br />

caso a partir da articulação entre os três registros. A topologia é teoria e também<br />

método.<br />

A pergunta sobre o que opera numa estabilização a partir do uso da criação artística ou<br />

artesanal, como já discutimos, ganhou primeiro plano. Se Joyce, paradigma de uma<br />

psicose que fez sinthoma, atestava a estabilização pela via da escrita, perguntávamos, ao<br />

início de nossa investigação, se uma suplência dessa ordem poderia prescindir da escrita<br />

e apoiar-se sobre outra materialidade. Como se vê, eram dois vértices da mesma<br />

questão, a materialidade e a escrita no trabalho de estabilização psicótica. Dois vértices<br />

que convergiram para o mesmo ponto, qual seja, a letra que escreve o nó.<br />

Nesse sentido, a materialidade comparece como suporte, seja suporte da letra para o<br />

significante, seja suporte do nó para o pensamento. E, em ambos os casos, trata-se de<br />

uma escrita. Lacan é peremptório sobre esse aspecto. Foi a partir da genealogia da<br />

discussão dessa materialidade que chegamos à idéia de suporte, e desta retornamos à<br />

idéia de escrita, sob uma perspectiva diferente da original. Aqui a escrita é a escrita do<br />

nó, escrita com a letra a, ou seja, escrita que inclui o real no trabalho de suplência, seja<br />

ela de que ordem for. Os rasgos ou sulcos, que o avanço da investigação produziu sobre<br />

a questão original deste trabalho, escreveram o novo roteiro sobre o real que o orienta.<br />

Nossa pergunta, portanto, inclui necessariamente a escrita, mas não obrigatoriamente a<br />

escrita literária. Parece-nos que a suplência, como modalidade de estabilização que<br />

inclui um quarto elemento novo inventado para atar os três registros, exige a escrita pela<br />

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