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Andréa Máris Campos Guerra - CliniCAPS

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A estabilização psicótica na perspectiva borromeana: criação e suplência<br />

sobre o significante que, adquirindo valor de inscrição primária, funda uma referência<br />

em torno da qual o sujeito se localiza no discurso do Outro. Com a metáfora falamos de<br />

uma operação de linguagem, e não de uma extração real como no ato. O aspecto<br />

criacionista aqui aparece na invenção de uma nova significação onde um uso comum<br />

instalava antes o significante eleito para operar a metáfora sobre o ser do sujeito. Ainda<br />

assim, fica para este período do ensino lacaniano a interrogação acerca do estatuto que<br />

esse significante adquiriria de forma a poder operar como um referente. Avancemos<br />

com essa questão.<br />

C. A escrita enquanto obra<br />

É somente quando se dedica a estudar a função da escrita para Joyce que Lacan trará a<br />

perspectiva a partir da qual pode-se formular uma hipótese que traga novidade para<br />

nossa investigação sobre a estabilização psicótica e a criação. Assim, antes de<br />

discutirmos especialmente essa estudo lacaniano, partiremos da discussão, central em<br />

nossa pesquisa, acerca do que seria essa materialidade sobre a qual repousa a<br />

possibilidade de solução que aqui discutimos. Em seguida, destacaremos a posição de<br />

autores contemporâneos acerca da mesma para, no capítulo seguinte, determo-nos na<br />

elaboração conceitual com a qual Lacan avança teoricamente sobre os aportes clínicos<br />

aqui abordados, alcançando a mostração que a topologia borromeana nos permite<br />

realizar sobre o ponto da discussão das estabilizações que nos interessa.<br />

Quando os oficineiros que trabalham diretamente com os psicóticos se referem a uma<br />

“substância” de trabalho, a uma “materialidade” ou a uma “densidade simbólica<br />

diferenciada”, identificam, sem justificar teoricamente, que há um elemento importante,<br />

ainda que não identificado por eles, no ensaio de estabilização que suas oficinas<br />

oferecem aos seus participantes. Que elemento, porém, é este? De qual densidade se<br />

trata no trabalho do psicótico quando ele faz sua criação sobre um material concreto? O<br />

que, dessa criação, se extrai como essencial a uma possível estabilização?<br />

Em Freud, a partir do texto do “Inconsciente” (1915a/1976), podemos afirmar que o<br />

objeto se esboça enquanto materialidade simbólica, representação densa, porque<br />

investida catexicamente, quantitativamente de libido, a partir da representação da coisa<br />

hipercatexizada pela representação da palavra. Assim, o objeto, ao mesmo tempo<br />

interior ao aparelho psíquico, lhe é exterior, como evidencia a estrutura topológica da<br />

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