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Andréa Máris Campos Guerra - CliniCAPS

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A estabilização psicótica na perspectiva borromeana: criação e suplência<br />

localizando no recurso do qual o sujeito se vale o índice para qualificar cada uma delas.<br />

Assim, seriam modalidades clínicas de suplência para ele:<br />

1. A suplência por um delírio – Ele retoma em Freud (1915a) a idéia de que o<br />

investimento da representação da palavra representa a primeira das tentativas de<br />

restituição ou de cura. Nesse sentido, se o delírio realiza uma metáfora delirante, que<br />

pode ser discreta, pode fazer nó. Como exemplo ele traz uma contrução delirante<br />

que se apóia sobre um ponto de identificação com o salvador, o que permite<br />

restaurar o laço social.<br />

2. A suplência por um uso do significante que permite um modo de estabilização<br />

com “capitonagem” sobre um significante singular – Como exemplo, ele relata o<br />

caso de um paciente que se reapropria do significante “associal”, introduzindo uma<br />

ligeira defasagem através da invenção de um neologismo que o localiza como<br />

fabricante de um fracasso pela palavra. Ele não seria “associal”, ele teria<br />

“falabracado”. Trata-se de uma significação personalíssima dada ao significante<br />

pelo uso da ironia.<br />

3. A estabilização por um modo de gozo – Ela aconteceria, seja por uma prática<br />

perversa, seja pela inscrição corporal de um fenômeno psicossomático, no lugar<br />

daquilo que faria um sintoma, ou pela toxicomania ou pelo alcoolismo. Interessante<br />

que aqui Rollier fala em estabilização e não em suplência. Ele estaria a demarcar um<br />

processo diferenciado pelo uso dos dois termos?<br />

4. A suplência pela escrita – O gozo do Outro que persegue o psicótico, o real que o<br />

invade, equivale a haver qualquer coisa já escrita por ele, contra ele, mas não para<br />

ele. A função da escrita em um psicótico seria justamente a de dominar o gozo pela<br />

letra. O sintoma psicótico como Nome-do-Pai seria o que restitui o gozo<br />

contabilizável, quer dizer, controlado, e seu exemplo seria o caso Joyce.<br />

Ora, aqui estamos diante de uma leitura das suplências que se orienta pela perspectiva<br />

de que há um elemento material do qual o sujeito pode se valer para cumprir uma<br />

função de estabilização. Rollier (2005) dispõe todos os recursos, os quais apresenta no<br />

mesmo nível, conferindo-lhes ao mesmo tempo um tratamento pela primeira e pela<br />

segunda clínica. Com isso, a idéia de tratamento do gozo ou de construção do sinthoma<br />

se apresenta par a par com a idéia de significantização ou de identificação imaginária,<br />

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