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Andréa Máris Campos Guerra - CliniCAPS

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A estabilização psicótica na perspectiva borromeana: criação e suplência<br />

No que nos interessa depreender do Esquema R, eis aí o ponto central. É preciso a<br />

extração de um objeto, enquanto efeito da castração, para que um sujeito se constitua e<br />

sustente o campo da realidade, amparado simbolicamente em uma ponta pelo Outro (A),<br />

em cuja oposição se situa o Nome-do-Pai (P), e, na outra ponta, no campo do<br />

imaginário pelo significante fálico (φ), corolário do P que confere uma imagem<br />

unificadora ao sujeito. O sujeito, “por outro lado, entra no jogo como morto, mas é<br />

como vivo que irá jogá-lo” (LACAN, 1957-58/1998, p. 558). Ele o fará servindo-se de<br />

um set de figuras imaginárias, numericamente reduzidas já que superpostas ao ternário<br />

simbólico (MIP). O i e o m representam, assim, os dois termos imaginários da relação<br />

narcísica, ou seja, o eu e a imagem especular.<br />

A relação pela qual a imagem especular se liga como unificadora ao chamado conjunto<br />

de elementos imaginários do corpo despedaçado fornece o par homólogo à relação Mãe-<br />

Criança. É, portanto, a relação mãe-criança que dá ao corpo sua forma de imagem<br />

unificadora – imagem fálica ou terceiro termo do ternário imaginário, no qual o sujeito<br />

se identifica, em oposição, com seu ser de vivente. A prematuração do sujeito no estádio<br />

do espelho abre uma hiância no imaginário sem a qual não se poderia produzir a<br />

simbiose com o simbólico onde ele se constitui como sujeito para a morte.<br />

No vértice simbólico, temos o I como Ideal de eu, o M como o significante do objeto<br />

primordial e o P como a posição do Nome-do-Pai no Outro (A). “Podemos apreender<br />

como o aprisionamento homológico da significação do sujeito S sob o significante do<br />

falo pode repercutir na sustentação do campo da realidade, delimitado pelo<br />

quadrilátero MimI” (LACAN, 1957-58/1998, p. 559). O significante fálico, como<br />

recobrimento da falta instalada na faixa de Moebius, funciona como referente na<br />

articulação da realidade. Interessante observar a necessidade de uma torção para que I e<br />

i, e para que M e m, possam encontrar sua correspondência no quadrilátero que formam,<br />

o que permite articular o P (Nome-do-Pai) ao seu corolário na metáfora paterna, o<br />

significante fálico (φ).<br />

Na faixa interna que compõe a Banda de Moebius, e que aqui corresponde ao campo do<br />

real, Lacan situa de i a M, ou seja, em a, as figuras do outro imaginário nas relações de<br />

agressão erótica em que elas se realizam; e de m a I, ou seja em a’, situa “onde o eu se<br />

identifica, desde sua Urbild especular até a identificação paterna do ideal do eu”<br />

(LACAN, 1957-58/1998, p. 559). Seja pela via do outro imaginário, seja pela via do<br />

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