Andréa Máris Campos Guerra - CliniCAPS
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A estabilização psicótica na perspectiva borromeana: criação e suplência<br />
Optamos por tomar a rede do município de Betim como universo para esta pesquisa por<br />
quatro principais motivos: 1) a facilidade física de acesso aos serviços; 2) a facilidade<br />
política de acesso aos sujeitos da pesquisa dada a predisposição da coordenação<br />
municipal de Saúde Mental em realizar aí pesquisas que favoreçam o avanço da clínica<br />
da psicose e do campo da Saúde Mental; 3) a complexidade da rede que favorece a<br />
especificidade do recorte de nossa pesquisa; 4) a presença da psicanálise como um dos<br />
saberes que orientam a prática clínica nos serviços públicos de Saúde Mental.<br />
B. Recorte para o estudo dos casos<br />
Nossa pesquisa incidiu apenas sobre o Centro de Convivência dado que é nessa<br />
modalidade de serviço que ocorrem as práticas das oficinas, em especial daquelas que<br />
têm como objeto e finalidade a criação de obras artísticas e/ou objetos artesanais.<br />
Nessas oficinas, que acontecem paralelamente às de produção – onde a<br />
profissionalização e a reabilitação são o mote central do trabalho –, o tratamento do<br />
objeto como resto de uma operação subjetiva se faz mais presente. Especificamente<br />
nesta pesquisa, nos limitamos ao Centro de Convivência do município que, segundo<br />
consulta prévia feita à Prefeitura, possuía oficinas de arte e criação em seu cotidiano de<br />
trabalho.<br />
C. Desenvolvimento da pesquisa<br />
Trabalhamos com categorias de sujeito e instrumentos diferenciadas para reunir o<br />
material clínico e proceder à sua análise.<br />
1 ª . Num primeiro momento, fizemos um trabalho de levantamento de casos potenciais<br />
para estudo, tentando identificar, através de relatos colhidos junto aos oficineiros do<br />
Centro de Convivência e profissionais da rede, casos de psicóticos em que a criação<br />
poderia estar associada a algum trabalho de estabilização. Em nossa dissertação de<br />
mestrado, identificamos que esse efeito é contingente, acontece somente para alguns<br />
poucos pacientes, não sendo possível a priori promovê-lo. Assim, buscamos os casos<br />
em que, na perspectiva do oficineiro, já seria possível depreender algum efeito de<br />
estabilização que pudesse estar associado à criação. A orientação desse levantamento<br />
inicial foi a de localizar os casos e identificar o porquê de sua indicação, ou seja, o que o<br />
oficineiro tomava como efeito produzido pela criação.<br />
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