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Andréa Máris Campos Guerra - CliniCAPS

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A estabilização psicótica na perspectiva borromeana: criação e suplência<br />

encampa apenas a distribuição teórica dos gozos, que se fará efetivamente na<br />

singularidade de cada amarração subjetiva.<br />

Figura 06 – Representações da consistência, da ex-sistência e do buraco<br />

Na figura 06 acima, vemos a consistência, o buraco ou furo e a ex-sistência na lógica<br />

topológica que nos permite compreender não se tratar de uma interseção de conjuntos<br />

com elementos em comum apenas. Essa lógica fica ainda mais clara quando Lacan<br />

associa o Imaginário à consistência, ao que dá estofo, corpo, à experiência humana; o<br />

Simbólico, ao furo, ao que faz furo pela linguagem; e o Real, à ex-sistência, ao que resta<br />

fora da apreensão simbólica ainda que mantendo com ela uma relação de quase-<br />

exclusão, como retratado na mesma figura, acima apresentada em três dimensões.<br />

“É que se a ex-sistência se define por relação a uma certa consistência, se a ex-sistência não<br />

é, no final das contas, senão esse fora que não é um não-dentro, se essa ex-sistência é, de<br />

certa maneira, esse em volta do que se evapora uma substância [...] nem por isso a noção de<br />

uma falha, a noção de um furo, mesmo em algo tão extenuado quanto a existência, deixa de<br />

manter seu sentido. Pois se eu lhes disse haver do Simbólico um recalcado, há também no<br />

Real algo que faz furo, há também no Imaginário, Freud se deu bem conta, e foi por isso<br />

que burilou tudo que há de pulsões no corpo como estando centradas em torno da passagem<br />

de um orifício a outro” (LACAN, 1974-75, aula de 14/01/75).<br />

A ex-sistência, esse fora que não é um não-dentro, articula os três registros da<br />

subjetividade humana pela via dos gozos. Lacan retoma, portanto, a pulsão freudiana e<br />

suas zonas erógenas, e ensaia uma topologia do gozo que inclui o corpo, mas que não<br />

perde de vista que também este se inscreve nos três registros, submetido à dialética da<br />

pulsão de vida (Eros) e de morte (Tanatos). A vida seria o furo do real, a morte, o furo<br />

do simbólico e o corpo, o furo do imaginário. Dialética aqui complexificada por não<br />

propor nenhuma síntese... Assim, as passagens de um orifício ao outro implicam os<br />

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