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Andréa Máris Campos Guerra - CliniCAPS

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A estabilização psicótica na perspectiva borromeana: criação e suplência<br />

dos fenômenos de código e dos fenômenos de linguagem no texto “De uma questão<br />

preliminar...” (LACAN, 1957-58/1998). Ali Schreber ensina a Lacan de que é composto<br />

o significante novo que vem ao mundo para reconstruí-lo. Ao tratar dos fenômenos de<br />

código, a saber, as vozes que proferem sobre a língua de fundo e que Schreber atribui<br />

aos raios, Lacan faz, então, uma correção.<br />

“...estamos na presença desses fenômenos erroneamente chamados de intuitivos, pelo fato<br />

de o efeito de significação antecipar-se, neles, ao desenvolvimento desta. Trata-se, na<br />

verdade, de um efeito do significante, na medida em que seu grau de certeza (segundo grau:<br />

significação da significação) adquire um peso proporcional ao vazio enigmático que se<br />

apresenta inicialmente no lugar da própria significação” (LACAN, 1957-58/1998, p. 544-<br />

545).<br />

A experiência enigmática encontra-se situada no nível de uma experiência de efeitos de<br />

significação, enquanto converte uma negatividade em positividade. Acompanhemos: na<br />

ausência de uma significação, surge o vazio enigmático, ao qual o psicótico responde<br />

com a certeza delirante, significação da significação. Trata-se de um efeito significante<br />

na medida em que é regido por suas leis, por operar uma substituição à ausência da<br />

significação.<br />

SIGNIFICAÇÃO DA SIGNIFICAÇÃO<br />

. VAZIO ENIGMÁTICO .<br />

SIGNIFICAÇÃO<br />

Primeiro elisão e vazio, depois a certeza que curto-circuita toda avaliação de convicção<br />

do sujeito.<br />

“Ela [a certeza] não exclui o sentimento de perplexidade, longe disto, posto que a<br />

significação da significação não designa nada mais que uma significação presente mas<br />

indeterminada, o que é a definição mesma do enigma que os sujeitos psicóticos encontram<br />

e... carregam. [...] o que nós poderíamos traduzir assim: menos isso significa e mais isso<br />

significa” (SOLER, 1993, p. 55).<br />

Ao mesmo tempo em que diz respeito a uma certeza de significação (no segundo grau),<br />

revela uma experiência de não sentido (no primeiro grau).<br />

O delírio se apresentará como ensaio de deciframento, como esforço de réplica que o<br />

sujeito dará à produção destas significações novas. Para Lacan (1957-58/1998), ele não<br />

é a explicação de uma experiência primitiva. Ele possui exatamente a mesma estrutura<br />

dos fenômenos elementares, que, em contrapartida, já revelariam a estrutura do delírio.<br />

No que tange à segunda possibilidade, que articula o enigma ao gozo, localizamos suas<br />

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