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10 Anos da Revista EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...

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<strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r, ou por quem suce<strong>de</strong>r a este; na primeira, o adquirente revela<br />

imprudência, ou seja, corre voluntariamente um risco; na segun<strong>da</strong>,<br />

em princípio, ele estará ampara<strong>do</strong> pelo princípio <strong>da</strong> boa-fé,<br />

até prova em contrário. Logicamente, na última hipótese inverte-se<br />

o ônus <strong>da</strong> prova, que recairá no exeqüente, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar<br />

que o adquirente agiu imbuí<strong>do</strong> <strong>de</strong> má-fé.<br />

Por último, os julga<strong>do</strong>res analisaram, <strong>de</strong>ti<strong>da</strong>mente, as <strong>de</strong>mais<br />

circunstâncias envolvi<strong>da</strong>s com as hipóteses em causa: saber se a<br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong> em curso contra o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r seria, ou não, capaz <strong>de</strong> reduzilo<br />

à insolvência, tópico previsto no art. 593, II, <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo<br />

Civil, mas comumente relega<strong>do</strong> a segun<strong>do</strong> plano, na discussão<br />

<strong>da</strong> causa; saber se a penhora fora ou não registra<strong>da</strong>, porque, sem<br />

esse ato, não se há presumir que o adquirente tinha notícia <strong>da</strong><br />

constrição.<br />

Subjacente a to<strong>do</strong> esse raciocínio figura a questão <strong>da</strong> boa (ou<br />

má)-fé <strong>do</strong> adquirente, sem cuja solução exata o <strong>de</strong>slin<strong>de</strong> <strong>da</strong> controvérsia<br />

assemelhar-se-á mais a espécie <strong>de</strong> adivinhação <strong>do</strong> que a qualquer<br />

outra coisa, uma vez que juridicamente impossível julgar o<br />

problema sem atenção meticulosa ao tópico <strong>da</strong> boa-fé <strong>do</strong> adquirente.<br />

Pelo que se está a ver, esses arestos acolhem, irrestritamente,<br />

o princípio <strong>da</strong> boa-fé, como critério a tutelar a posição <strong>do</strong> <strong>do</strong>minus<br />

<strong>do</strong> bem objeto <strong>da</strong> constrição, tornan<strong>do</strong> <strong>de</strong>starte relativa a presunção<br />

exara<strong>da</strong> no art. 593, II, <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Civil. É uma construção<br />

jurisdicional bem lastrea<strong>da</strong>, que só merece encômios.<br />

Curioso notar que o direito italiano trata essa questão <strong>de</strong> maneira<br />

frontalmente oposta à nossa, situan<strong>do</strong>-a no Código Civil, no<br />

qual se prevê ação revogatória 8 , como prius para a execução sobre<br />

bens aliena<strong>do</strong>s a terceiros. Por via <strong>de</strong> conseqüência, não é <strong>da</strong><strong>do</strong> ao<br />

cre<strong>do</strong>r penhorar bens <strong>de</strong> terceiro, antes <strong>de</strong> propor (e vencer) aludi<strong>da</strong><br />

ação. Apresenta-se óbvio que o legisla<strong>do</strong>r italiano resguar<strong>da</strong> muito<br />

mais o direito <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>, mercê <strong>de</strong>sse requisito, <strong>do</strong> que faz o<br />

nosso.<br />

Como observa, com nímia acui<strong>da</strong><strong>de</strong>, Crisanto Mandrioli, nisso<br />

o ato <strong>de</strong> constrição atinge terceiro que não o proprietário e, por isso,<br />

8 Art. 2901, <strong>do</strong> Código Civil Italiano<br />

130 <strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>EMERJ</strong>, v. 11, nº 41, 2008

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