10 Anos da Revista EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...
10 Anos da Revista EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...
10 Anos da Revista EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
liber<strong>da</strong><strong>de</strong> na produção <strong>de</strong> provas (nº VII <strong>da</strong> "Exposição <strong>de</strong> Motivos"<br />
<strong>do</strong> CPP).<br />
O Código <strong>de</strong> Processo Civil, quan<strong>do</strong> se ocupa "Das Provas",<br />
<strong>de</strong>clara, em suas "Disposições Gerais", que "to<strong>do</strong>s os meios legais,<br />
bem como os moralmente legítimos (...) são hábeis para provar a<br />
ver<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s fatos ..." (art. 332, Seção I, Capítulo VI, Título VIII <strong>do</strong><br />
Livro I), preceito que, sem sombra <strong>de</strong> dúvi<strong>da</strong>, encontra aplicação no<br />
processo penal (art. 3º <strong>do</strong> CPP).<br />
Sabe-se, <strong>da</strong> mesma forma, que o procedimento probatório passa<br />
por diversas fases, a saber: a propositura <strong>da</strong> prova pela parte; a admissão<br />
<strong>da</strong> prova pelo juiz; a produção <strong>da</strong> prova e, por fim, a valoração<br />
<strong>da</strong> prova pelo magistra<strong>do</strong>, por ocasião <strong>da</strong> sentença.<br />
Dessa maneira, diante <strong>da</strong> natural perplexi<strong>da</strong><strong>de</strong> com que se<br />
<strong>de</strong>para o magistra<strong>do</strong> diante <strong>da</strong> indicação pela parte <strong>de</strong> uma prova<br />
arrima<strong>da</strong> no sobrenatural, <strong>de</strong>ve ou não o juiz admiti-la ain<strong>da</strong> na primeira<br />
fase <strong>do</strong> rito probatório?<br />
Renato Marcão, no artigo acima assinala<strong>do</strong> a respeito <strong>do</strong> uso<br />
<strong>da</strong> psicografia como prova penal, salienta que não há no<br />
or<strong>de</strong>namento jurídico vigente qualquer preceito expresso que proíba<br />
a apresentação <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento produzi<strong>do</strong> por psicografia uma vez<br />
que <strong>de</strong> prova ilícita não se trata, concluin<strong>do</strong> por afirmar que no sistema<br />
jurídico brasileiro não há como normatizar o uso <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento<br />
psicografa<strong>do</strong> como meio <strong>de</strong> prova, seja para autorizá-lo seja para<br />
vedá-lo. O Esta<strong>do</strong>, no fim <strong>de</strong> contas, é laico.<br />
Portanto, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o pensamento <strong>da</strong>quele ilustre Promotor<br />
<strong>de</strong> <strong>Justiça</strong> a prova em questão merece ser admiti<strong>da</strong>, produzi<strong>da</strong> e<br />
valora<strong>da</strong> pelo juiz por não se tratar <strong>de</strong> prova obti<strong>da</strong> por meio ilícito.<br />
De outra ban<strong>da</strong>, <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>ixar-se ao juiz, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o sistema<br />
<strong>do</strong> livre convencimento, <strong>da</strong>r ao <strong>do</strong>cumento o valor que enten<strong>de</strong>r<br />
cabível, como proce<strong>de</strong>ria com qualquer outro meio <strong>de</strong> prova.<br />
7. Coloco-me toma<strong>do</strong> por séria dúvi<strong>da</strong> diante <strong>de</strong> tal posição<br />
em relação ao thema.<br />
Como será possível a valoração <strong>de</strong> prova que, se não é ve<strong>da</strong><strong>da</strong><br />
expressamente, jamais po<strong>de</strong>rá ser normatiza<strong>da</strong>?<br />
Em conseqüência <strong>da</strong> in<strong>da</strong>gação, vejo-me leva<strong>do</strong> a uma outra<br />
pergunta: como colocar a sorte <strong>de</strong> um feito criminal nas mãos <strong>da</strong>s<br />
convicções religiosas <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>?<br />
<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>EMERJ</strong>, v. 11, nº 41, 2008<br />
139