10 Anos da Revista EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...
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Uma posição intermediária na <strong>do</strong>utrina, a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> por João Batista<br />
Lopes, admite ser "inafastável o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> participação e rateio <strong>da</strong>s <strong>de</strong>spesas<br />
comuns, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a associação traduza a vonta<strong>de</strong> <strong>da</strong> maioria e<br />
seja regularmente constituí<strong>da</strong>", justifican<strong>do</strong>-se a cobrança, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />
<strong>de</strong> regra expressa, sob pena <strong>de</strong> enriquecimento sem causa. 18<br />
Porém, discor<strong>da</strong>mos <strong>da</strong> afirmação, feita pelo mesmo autor, no<br />
senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que "não é admissível, por simples vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s proprietários<br />
<strong>de</strong> lotes e sem observância <strong>da</strong> lei, converter o loteamento em<br />
con<strong>do</strong>mínio em edifícios" 19 .<br />
Não po<strong>de</strong>m ser nega<strong>da</strong>s a eficácia e relevância jurídica <strong>do</strong><br />
con<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> fato apenas com fun<strong>da</strong>mento nos princípios <strong>do</strong><br />
numerus clausus e <strong>da</strong> tipici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s direitos reais. 20<br />
Discorren<strong>do</strong> sobre a multiproprie<strong>da</strong><strong>de</strong> imobiliária, Gustavo<br />
Tepedino perquire o significa<strong>do</strong> atual <strong>do</strong> princípio <strong>do</strong> numerus clausus<br />
diante <strong>da</strong> evolução <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> autonomia priva<strong>da</strong>:<br />
"Admitin<strong>do</strong>-se, assim, como disposição imperativa o elenco<br />
taxativo <strong>de</strong> direitos reais concebi<strong>do</strong> pelo legisla<strong>do</strong>r, resta ain<strong>da</strong><br />
aberto um significativo espaço, <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> à autonomia priva<strong>da</strong><br />
neste campo(...)In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> natureza<br />
contratual ou real atribuí<strong>da</strong> aos respectivos direitos, certo<br />
é que o or<strong>de</strong>namento permite o estabelecimento <strong>de</strong><br />
situações jurídicas com eficácia real, que traduzem<br />
normativa convencional, ten<strong>do</strong> <strong>de</strong> se sujeitar a um controle<br />
<strong>de</strong> legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> sob pena <strong>de</strong> se estipularem ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros direi-<br />
patrimoniais, como observa o mesmo autor, op. cit., p. 202 : "<strong>da</strong>s situações subjetivas patrimoniais é possível apresentar<br />
uma elaboração unitária mesmo que não-sistemática, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que ain<strong>da</strong> <strong>de</strong>ve ser reconstruí<strong>da</strong> uma disciplina<br />
comum <strong>da</strong> relação patrimonial. Esta não po<strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong> com aquela <strong>da</strong>s obrigações nem com aquela <strong>do</strong>s<br />
direitos reais. Nenhuma <strong>da</strong>s duas disciplinas constitui, <strong>de</strong> forma exclusiva, o direito comum <strong>da</strong>s relações e <strong>da</strong>s situações<br />
patrimoniais que possa ser concebi<strong>do</strong> como a síntese <strong>da</strong> disciplina <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as relações patrimoniais" (g.n.).<br />
18 Con<strong>do</strong>mínio. 9. ed. São Paulo: <strong>Revista</strong> <strong>do</strong>s Tribunais, 2006, p. 197.<br />
19 Ibi<strong>de</strong>m, p.196. Nas palavras <strong>do</strong> mesmo autor, ibi<strong>de</strong>m, p.198, "(...)a cobrança <strong>do</strong>s encargos não po<strong>de</strong> fun<strong>da</strong>r-se no<br />
art. 1.336, I <strong>do</strong> novo Código Civil, uma vez que não se cui<strong>da</strong> <strong>de</strong> con<strong>do</strong>mínio edilício, mas sim no princípio geral <strong>de</strong><br />
direito que ve<strong>da</strong> o enriquecimento sem causa. De qualquer mo<strong>do</strong>, porém, a introdução <strong>de</strong> inovações exige a<br />
concordância <strong>da</strong> unanimi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s proprietários <strong>do</strong>s lotes já que, não existin<strong>do</strong> con<strong>do</strong>mínio edilício, não há, quanto<br />
a esse ponto, como invocar a força <strong>da</strong>s <strong>de</strong>liberações assembleares".<br />
20 MATTIETTO, Associação..., op. cit., p. 77. Em senti<strong>do</strong> contrário, a posição <strong>de</strong> João Batista LOPES, <strong>de</strong> quem<br />
discor<strong>da</strong>mos: "A estrutura rígi<strong>da</strong> <strong>do</strong> con<strong>do</strong>mínio não permite alteração <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo legisla<strong>do</strong>r, fruto <strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>senho <strong>do</strong>utrinário concebi<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> tempo".<br />
164 <strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>EMERJ</strong>, v. 11, nº 41, 2008