10 Anos da Revista EMERJ - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...
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Art. 2º A autorização <strong>de</strong> que trata o artigo anterior fica condiciona<strong>da</strong><br />
à prévia audiência <strong>do</strong>s órgãos municipais interessa<strong>do</strong>s,<br />
bem como <strong>da</strong> associação <strong>de</strong> mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> bairro, se houver."<br />
Da mesma forma, para os <strong>de</strong>fensores <strong>de</strong> tal entendimento, não<br />
se po<strong>de</strong> travestir o loteamento em con<strong>do</strong>mínio; a equiparação entre<br />
ambas as figuras, segun<strong>do</strong> <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> pelo Min. Ari Pargendler no<br />
julgamento <strong>do</strong> Recurso Especial n º 444.931-SP, constituiria uma mera<br />
ficção jurídica, <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a legitimar a representativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> associação<br />
perante os proprietários não associa<strong>do</strong>s. 7<br />
A ementa <strong>da</strong>quele acórdão(3ª turma, Resp.444.931-SP,<br />
j.12.08.03) é a seguinte:<br />
"O proprietário <strong>de</strong> lote não está obriga<strong>do</strong> a concorrer para o<br />
custeio <strong>de</strong> serviços presta<strong>do</strong>s por associação <strong>de</strong> mora<strong>do</strong>res, se<br />
não os solicitou".<br />
Porém, o principal argumento <strong>do</strong>s opositores <strong>do</strong> con<strong>do</strong>mínio<br />
<strong>de</strong> fato ou loteamento fecha<strong>do</strong> resi<strong>de</strong> no princípio constitucional <strong>da</strong><br />
liber<strong>da</strong><strong>de</strong> associativa, o que <strong>de</strong>sobriga qualquer pessoa <strong>de</strong> perten-<br />
7 Ambos os argumentos acima são <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong>s pelo advoga<strong>do</strong> paulista Nelson Kojranski : "Posição radical <strong>de</strong> ampla<br />
receptivi<strong>da</strong><strong>de</strong> sustenta que basta o fato <strong>de</strong> ser proprietário <strong>de</strong> lote, para que seja obriga<strong>do</strong> a arcar com as <strong>de</strong>spesas<br />
<strong>de</strong> manutenção. A simples equiparação <strong>de</strong> ´condômino´ a ‘proprietário´, na falta <strong>de</strong> regulamentação legal própria,<br />
nem sempre é admissível. O princípio <strong>da</strong> igual<strong>da</strong><strong>de</strong> repele, em face <strong>do</strong>s ´loteamentos fecha<strong>do</strong>s´, que to<strong>do</strong>s sejam<br />
trata<strong>do</strong>s cegamente iguais. Enquanto no con<strong>do</strong>mínio edilício, as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> con<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong>rivam <strong>de</strong> uma convenção<br />
na qual basta a indicação <strong>do</strong>s percentuais <strong>de</strong> rateio, exatamente por inexistir outras diferenças entre os condôminos,<br />
essa ´igual<strong>da</strong><strong>de</strong>´não ocorre com os proprietários <strong>de</strong> lotes". E prossegue : "Po<strong>de</strong>-se, portanto, afirmar com segurança<br />
que não se po<strong>de</strong> travestir o ´loteamento´ em ´con<strong>do</strong>mínio´. A legislação con<strong>do</strong>minial, <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m substantiva, não tem<br />
como lhe possa ser ajusta<strong>da</strong>, e, muito menos, ser aplica<strong>da</strong>. E (sic), com maior razão consi<strong>de</strong>rar a taxa <strong>de</strong> conservação<br />
como revesti<strong>da</strong> <strong>de</strong> obrigação <strong>de</strong> natureza propter rem. Mesmo porque, (sic) até a constitucionali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> concessão<br />
<strong>de</strong> direito real <strong>de</strong> uso é <strong>de</strong> legali<strong>da</strong><strong>de</strong> questionável, por se tratar <strong>de</strong> um patrimônio público, que é bem <strong>de</strong> uso comum<br />
<strong>do</strong> povo. E é questionável porque a concessão municipal contraria o artigo 17 <strong>da</strong> Lei n º 6766/79 (que proíbe a<br />
alteração <strong>da</strong> <strong>de</strong>stinação <strong>da</strong>s vias públicas) e o artigo 180, V, <strong>da</strong> Constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, no mesmo<br />
senti<strong>do</strong>, ambas hierarquicamente superiores". Cf.KOJRANSKI, Nelson. “A falta <strong>de</strong> previsão legal <strong>do</strong> ´loteamento<br />
fecha<strong>do</strong>´e suas conseqüências”. <strong>Revista</strong> <strong>do</strong> Advoga<strong>do</strong>. São Paulo, n º 90, p.117-119, mar. 2007. Porém, como<br />
adverte Danielle Macha<strong>do</strong> Soares, op.cit., p.93, a instauração <strong>do</strong> con<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> fato ou irregular pressupõe um<br />
exame rigoroso <strong>da</strong> situação, a fim <strong>de</strong> avaliar o real interesse <strong>da</strong> coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, para que não haja <strong>de</strong>sfalque <strong>do</strong><br />
patrimônio público, em relação às ruas, praças e <strong>de</strong>mais espaços públicos. Nas suas palavras, "o passo seguinte seria<br />
a <strong>de</strong>safetação <strong>do</strong> bem. Uma vez <strong>de</strong>safeta<strong>do</strong> po<strong>de</strong>ria ser incorpora<strong>do</strong> ao <strong>do</strong>mínio priva<strong>do</strong>. A regra <strong>da</strong> administração<br />
é <strong>de</strong> que haja uma licitação, só que para a hipótese se torna dispensável tal procedimento, ten<strong>do</strong> em vista que<br />
envolve situações com <strong>de</strong>stinatários certos on<strong>de</strong> a competição é <strong>de</strong>scabi<strong>da</strong>. Concluímos, portanto, que existe uma<br />
possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> legal <strong>do</strong> (sic) Município autorizar o uso <strong>da</strong>s vias <strong>de</strong> circulação e <strong>da</strong>s praças aos proprietários por meio<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>is institutos <strong>do</strong> Direito Administrativo que são: a permissão ou a concessão <strong>de</strong> uso".<br />
<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>EMERJ</strong>, v. 11, nº 41, 2008<br />
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