17.04.2013 Views

Os Pré-socraticos - Coleção Os Pensadores(pdf)(rev) - Charlezine

Os Pré-socraticos - Coleção Os Pensadores(pdf)(rev) - Charlezine

Os Pré-socraticos - Coleção Os Pensadores(pdf)(rev) - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

natureza e dizendo como se comporta. <strong>Os</strong> outros homens, porém, não sabem o<br />

que fazem quando acordados, como esquecem o que fazem no sono". 79<br />

Heráclito diz ainda: "Tudo fazemos e dizemos segundo a participação do<br />

entendimento divino (logos). Por isso devemos seguir apenas a este<br />

entendimento universal. Muitos, porém, vivem como se tivessem um<br />

entendimento próprio (idían phrónesin); o entendimento, porém (he dè), não é<br />

outra coisa que a interpretação (o tomar-consciência, a exposição, a convicção)<br />

dos modos de ordenação (exégesis tou trópou) (organização) do todo. Por isso,<br />

na medida em que tomamos parte no saber dele (autou tes mnémes<br />

koinonésômen), estamos na verdade; mas, na medida em que temos coisas<br />

particulares (próprias) (idiásômen), estamos na ilusão". 80 Palavras muito grandes<br />

e importantes! Não é possível expressar-se de modo mais verdadeiro e mais<br />

espontâneo sobre a verdade. Somente a consciência como consciência do<br />

universal é consciência da verdade; mas consciência da particularidade e ação<br />

como individual, uma originalidade, que se torna característica do conteúdo e da<br />

forma, é o não-verdadeiro e o mau. O engano, portanto, consiste na<br />

particularização do pensamento — o mal e o engano residem no fato da<br />

separação do universal. <strong>Os</strong> homens acham em geral que, quando devem pensar<br />

algo, isto teria que ser alguma coisa singular; isto é a ilusão.<br />

Por mais que Heráclito afirme que no saber sensível não há verdade,<br />

porque tudo o que é flui, o ser da certeza sensível não é, enquanto é, com a<br />

mesma força afirma ele que, no saber, é necessário o modo objetivo. O racional,<br />

o verdadeiro que eu sei é certamente um retroceder e sair do objetivo, enquanto<br />

sensível, individual, determinado, existente. Mas o que a razão em si sabe é<br />

também a necessidade ou a universalidade do ser; é a essência do pensamento,<br />

do mesmo modo como é a essência do mundo. E a mesma consideração da<br />

verdade que Espinosa 81 denomina "uma consideração das coisas sob a forma de<br />

79 Sexto Empírico, Contra os Matem., VII, §§ 131-132.<br />

80 m., § 133.<br />

81 Ética, parte II, prop. 44, corolário 2.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!