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Os Pré-socraticos - Coleção Os Pensadores(pdf)(rev) - Charlezine

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pesado e o leve: o leve ficava ao lado da luz, o pesado do lado obscuro; e assim<br />

o pesado valia para ele apenas como negação do leve; este valendo como<br />

qualidade positiva. Neste método já se <strong>rev</strong>ela uma aptidão ao procedimento<br />

lógico abstrato, resistente e fechado às insinuações dos sentidos. O pesado<br />

parece oferecer-se insistentemente aos sentidos como qualidade positiva, o que<br />

não detinha Parmênides em marcá-lo com uma negação. Da mesma forma ele<br />

indicava a terra em oposição ao fogo, o frio em oposição ao quente, o denso em<br />

oposição ao sutil, o feminino em oposição ao masculino, o passivo em oposição<br />

ao ativo, cada um apenas como negação do outro; de tal maneira que, segundo<br />

sua visão, nosso mundo empírico cindia-se em duas esferas separadas: naquela<br />

das qualidades positivas — com um caráter luminoso, ígneo, quente, delgado,<br />

ativo, masculino — e naquela das qualidades negativas. As últimas exprimem<br />

propriamente apenas a falta, a ausência das outras, das positivas; ele desc<strong>rev</strong>ia<br />

também a esfera onde faltavam as qualidades positivas como obscura, terrestre,<br />

fria, pesada, espessa e em geral com caracteres passivo-femininos. Ao invés das<br />

expressões "positivo" e "negativo", ele tomava os rígidos termos "ser" e "não-<br />

ser" e chegava com isso à tese, em contradição a Anaximandro, que este nosso<br />

mundo contém algo de ser e sem dúvida também algo de não-ser. Não se deve<br />

procurar o ser fora do mundo e como que acima do nosso horizonte; deve-se —<br />

buscá-lo diante de nós, em todo vir-a-ser está contido algo de ser e em atividade.<br />

Entretanto, restava para ele a tarefa de dar a resposta correta à pergunta:<br />

"O que é o vir-a-ser?" E este era o momento em que ele precisava saltar para não<br />

cair, ainda que, talvez, para tais naturezas como a de Parmênides, todo salto<br />

equivalesse a uma queda. Enfim, caímos no nevoeiro, na mística das qualitates<br />

occultae, talvez até mesmo na mitologia. Parmênides vê, como Heráclito, o vir-<br />

a-ser e o não-permanecer universais, mas apenas pode interpretar um perecer de<br />

tal maneira que nele o não-ser precise ter uma culpa. Pois como podia o ser ter a<br />

culpa do perecer! Entretanto, o nascer precisa igualmente realizar-se pelo auxílio<br />

do não-ser: pois o ser está sempre presente e não poderia, por si mesmo, nascer

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