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Os Pré-socraticos - Coleção Os Pensadores(pdf)(rev) - Charlezine

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Parmênides, cujas relações pessoais com Anaximandro não me parecem<br />

inverossímeis, que não apenas verossimilmente mas evidentemente teve na<br />

teoria de Anaximandro seu ponto de partida, tinha as mesmas suspeitas em<br />

relação à perfeita separação entre um mundo que apenas é e um mundo que<br />

apenas vem a ser, suspeita que também Heráclito apreendera e que o conduzira à<br />

negação do ser. Ambos procuravam uma saída, fora daquela oposição e<br />

separação de uma dupla ordem do mundo. Aquele salto no Indeterminado, no<br />

indeterminável, através do qual Anaximandro escapara de uma vez por todas ao<br />

reino do vir-a-ser e de suas qualidades empíricas dadas, não era fácil para duas<br />

cabeças tão independentes e diferentes como as de Heráclito e Parmênides; eles<br />

primeiramente procuraram andar tão longe quanto podiam e reservaram o salto<br />

para aquele lugar onde o pé não encontra mais apoio e onde se precisa saltar<br />

para não cair. Ambos viam repetidamente aquele mesmo mundo que<br />

Anaximandro tão melancolicamente condenara, explicando-o como o lugar do<br />

crime e simultaneamente da expiação para a injustiça do vir-a-ser. Como já<br />

sabemos, em sua visão Heráclito descobria que maravilhosa ordenação,<br />

regularidade e certeza manifestam-se em todo vir-a-ser; daí concluía ele que o<br />

vir-a-ser não poderia ser injusto nem criminoso.<br />

Parmênides teve uma visão completamente diferente; ele comparava as<br />

qualidades umas com as outras e acreditava descobrir que elas não seriam todas<br />

idênticas, mas precisavam ser ordenadas em duas classes. Por exemplo: ele<br />

comparou a luz e a obscuridade e, assim, a segunda qualidade era<br />

manifestamente apenas a negação da primeira; e assim ele diferenciava<br />

qualidades positivas e negativas, esforçando-se seriamente por reencontrar e<br />

assinalar esta oposição fundamental em todo o reino da natureza. Seu método<br />

era o seguinte: ele tomava alguns opostos, por exemplo, leve e pesado, sutil e<br />

denso, ativo e passivo, e os remetia àquela oposição modelo entre luz e<br />

obscuridade; o que correspondia à luz era a qualidade positiva e o que<br />

correspondia à obscuridade, a qualidade negativa. Ele tomava por exemplo o

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