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Os Pré-socraticos - Coleção Os Pensadores(pdf)(rev) - Charlezine

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órfico que Anaxágoras com a mitologia helênica. Vincula esses instintos<br />

religiosos a explicações científicas. E racionalista e, por essa razão, odiado pelos<br />

crentes. Sem contar que admite ainda todo o mundo dos deuses e dos demônios,<br />

em cuja realidade acredita tanto quanto na dos homens. Ele mesmo se sente um<br />

deus no exílio; pensa e suspira pelos cimos de honra e felicidade, de onde caiu:<br />

"Eu chorava e me lamentava quando vi esse lugar insólito". Maldiz o dia em que<br />

tocou com os lábios o alimento sangrento; isso parece ser seu crime, sua mácula<br />

pelo assassinato. Desc<strong>rev</strong>e o sofrimento dos criminosos primitivos: a cólera do<br />

éter os precipitou no mar, o mar os repeliu para a terra, a terra os atira para as<br />

chamas do sol, e este os lança de volta ao éter. Assim cada um os recebe das<br />

mãos do outro, mas todos os odeiam. Eles parecem, enfim, tornar-se mortais: "O<br />

raça infeliz e desafortunada dos mortais, de que discórdia, de que lamentações<br />

provieste!" <strong>Os</strong> mortais lhe parecem, portanto, ser deuses decaídos e punidos. A<br />

terra é uma caverna sombria, a pradaria da infelicidade, morada do assassínio,<br />

do rancor e das outras Keres, das doenças, da podridão. Está fundada sobre o<br />

antagonismo de uma turba de demônios. Déris e Harmonia, Calisto e Aischré,<br />

Thoosa e Dénaie, Nemerte e Asapheia, Physo e Phtimesse (natureza e<br />

destruição). <strong>Os</strong> homens são fracos, a soma da infelicidade os ameaça e os aturde.<br />

Debatem-se ao longo de um pequeno fragmento de uma vida invisível, depois<br />

um destino prematuro os carrega e os dispersa como uma fumaça. Só<br />

consideram como verdadeiro o obstáculo contra o qual se batem; mas cada um<br />

se vangloria de ter encontrado o todo, oh vaidade! Pois o todo não está destinado<br />

a ser visto nem entendido pelos homens, nem captado pela inteligência.<br />

Empédocles põe toda a sua virulência na descrição dessa ignorância.<br />

Nesse mundo de discórdia, de sofrimento e de conflito, ele só descobre<br />

um princípio que lhe garanta uma ordem do mundo inteiramente diferente: é<br />

Afrodite; todos a conhecem, mas não como princípio cósmico. A vida sexual lhe<br />

parece o que há de melhor e de mais nobre, a mais forte resistência ao instinto<br />

da discórdia. E nesta que aparece com a maior evidência a tendência das partes

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