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Os Pré-socraticos - Coleção Os Pensadores(pdf)(rev) - Charlezine

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temperatura conveniente, percebe exatamente os objetos, o pensamento é sadio.<br />

Se o movimento a aquece ou a esfria excessivamente, as representações são<br />

falsas e o pensamento é mal-são. E aqui que começam as verdadeiras<br />

dificuldades do materialismo, porque ele próprio começa a sentir seu prõton<br />

pseudos. Tudo o que é objetivo, extenso, agente, portanto material, tudo aquilo<br />

que o materialismo considera como seu fundamento mais sólido, não passa de<br />

um dado extremamente mediato, um concreto extremamente relativo, que<br />

passou pelo mecanismo do cérebro e acomodou-se às formas do tempo, do<br />

espaço e da causalidade, graças às quais se apresenta como extenso no espaço e<br />

agente no tempo. E de um tal dado que o materialismo quer, agora, deduzir o<br />

único dado imediato, a representação. E uma prodigiosa petição de princípios;<br />

de repente, o último elo aparece como o ponto de partida de que já dependia o<br />

primeiro elo da corrente. Assim, comparou-se o materialismo ao Barão de Crac<br />

(sic), que, quando atravessava o rio a cavalo, suspendia sua montaria apertando-<br />

a entre as pernas e se suspendia a si mesmo por meio de sua peruca, que puxava<br />

para cima. O absurdo consiste em partir do dado objetivo, enquanto, na verdade,<br />

todo dado objetivo é determinado de várias maneiras pelo sujeito pensante e<br />

desaparece totalmente quando se faz abstração do sujeito. Por outro lado, o<br />

materialismo é uma hipótese preciosa e de uma verdade relativa, mesmo depois<br />

que se descobriu o prõton pseudos; é uma representação cômoda nas ciências<br />

naturais, e todos os seus resultados permanecem verdadeiros para nós, se não no<br />

absoluto. Trata-se do mundo que é o nosso, para cuja produção cooperamos<br />

sempre.<br />

(Obras, vol. XIX, pp. 204-213, em O Nascimento da Filosofia na Época da<br />

Tragédia Grega, pp. 127-134)<br />

b. ANOTAÇÕES SOBRE DEMÓCRITO<br />

DEVERÍAMOS A Demócrito muitos sacrifícios fúnebres, simplesmente para<br />

reparar os erros do passado para com ele. Com efeito, é raro que um escritor<br />

considerável tenha tido de sofrer tantos ataques devidos a razões diversas.

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