Baixar - Acervo Paulo Freire - Instituto Paulo Freire
Baixar - Acervo Paulo Freire - Instituto Paulo Freire
Baixar - Acervo Paulo Freire - Instituto Paulo Freire
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
110 PAULO ROBERTO PADILHA<br />
<strong>Paulo</strong> <strong>Freire</strong> sempre nos recomendou um trabalho interativo e<br />
humanizador no espaço escolar com outros territórios em que a educação<br />
acontece, na sociedade e no mundo em que vivemos. Se aceitarmos<br />
o pressuposto de que “há que aprender no caminho”, esse nosso<br />
caminho é o mundo, o espaço e o tempo integrados com a vida cotidiana<br />
que levamos, que sempre nos ensina novas lições. O mundo<br />
que nos interessa está fora e dentro da escola, fora e dentro de nós.<br />
A cidade em que vivemos, o planeta que habitamos, que conservamos<br />
ou que infelizmente destruímos, o bairro no qual crescemos, a<br />
vila onde descobrimos os primeiros espaços sociais que freqüentamos,<br />
a nossa casa, onde experimentamos as primeiras emoções relacionais...<br />
tudo pode contribuir para o enriquecimento curricular e para<br />
aprendizagens que ampliam os nossos horizontes.<br />
Políticas públicas não admitem soluções paliativas, que não vão<br />
às causas ou que fiquem apenas na aparência da solução dos problemas.<br />
Todo administrador público sabe disso. No entanto, continuamos<br />
observando experiências educacionais em que programas e projetos<br />
bem-intencionados não criam as condições concretas para que<br />
as mudanças aconteçam. Executados de forma apressada, matam uma<br />
boa idéia. Não adianta utilizar temperos inovadores e de aparência<br />
mudancista e democrática. Se realizados de forma superficial, não<br />
criam raízes nas comunidades, nas unidades educacionais ou na cidade,<br />
e se transformam em frágeis vitrines que, geralmente, quase<br />
nada contribuem para as aprendizagens dos alunos e dos trabalhadores<br />
em educação.<br />
Nada mais apropriado para destruir uma boa idéia ou um bom<br />
projeto que executá-lo sem a participação coletiva, efetiva, séria, formadora<br />
dos sujeitos. Quando assim acontece, é muito comum o fracasso<br />
da ação, o desperdício de recursos públicos, as tensões exacerbadas<br />
por conta de reações a imposições vindas “de cima para baixo”.<br />
As mudanças na educação levam tempo. Por isso, para que aconteçam<br />
de forma exitosa — sim, porque as mudanças também podem<br />
levar à piora da situação — exigem um processo de maturação, precisa<br />
ser curtida, bem feita, socializada e realizada a muitas mãos.<br />
Da mesma forma que se aprende a escutar uma boa música, a<br />
realização de uma gestão efetivamente democrática, compartilhada,