Baixar - Acervo Paulo Freire - Instituto Paulo Freire
Baixar - Acervo Paulo Freire - Instituto Paulo Freire
Baixar - Acervo Paulo Freire - Instituto Paulo Freire
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
196 PAULO ROBERTO PADILHA<br />
pela escola. Por exemplo, a organização e o fechamento das notas por<br />
bimestre, por trimestre, por semestre... Será que a rede ou o sistema<br />
de ensino, quando definiu esses tempos escolares, pensou e dialogou<br />
com os alunos sobre o assunto?<br />
Decorrente dessas práticas avaliativas, ainda não totalmente superadas,<br />
surgem, historicamente, mecanismos que procuram burlar<br />
esse rígido sistema de avaliação, ou seja, a famosa “cola”... a ponto de<br />
ser jargão popular se dizer que “quem não cola não sai da escola”. 4<br />
Resgato duas experiências que vivenciei com a situação da “cola”,<br />
que ilustram o que estamos falando, de forma engraçada, se isso não<br />
fosse realmente trágico. Muito provavelmente o leitor e a leitora poderão<br />
se recordar de algumas situações parecidas com as que relatarei<br />
a seguir.<br />
Como aluno, a lembrança mais marcante de uma situação de<br />
cola com a qual me envolvi foi durante o período do antigo ginasial.<br />
Foi um dia em que fiquei horas e horas, em casa, preparando uma<br />
longa cola: recortei uma tira de papel com cerca de 20 centímetros de<br />
cumprimento por três centímetros de largura. Dediquei um tempo<br />
enorme para elaborar aquela cola para a prova de matemática, cujo<br />
professor eu detestava por considerá-lo antipático, já que explicava a<br />
matéria e tinha pouquíssima paciência para esclarecer as nossas dúvidas.<br />
Quando o fazia, era de mau humor e, de certa forma, ridicularizando<br />
a incapacidade de o aluno ter entendido a matéria que ele<br />
acabara de explicar. Se aquelas aulas já eram enfadonhas e difíceis, os<br />
dias de prova se transformavam em verdadeiros tormentos. E eu, no<br />
segundo ano do ginasial, equivalente à sétima série do ensino fundamental<br />
de hoje, estava para ser reprovado naquela disciplina.<br />
Além de tudo, sempre tive dificuldade em decorar as fórmulas<br />
matemáticas. Daí, mais um motivo para recorrer à cola, preparada<br />
4. Aproveito e indico quatro livros que podem nos ajudar a pensar na avaliação da aprendizagem<br />
e que, sendo referenciais sobre esse tema, ajudam numa reflexão inicial e fundamental.<br />
São eles: o livro de Jussara Hoffmann, já indicado acima, e também: Luckesi, 1995; Vasconcelos,<br />
2003 (1998); Romão, 1998. E, no capítulo 5 do meu livro Planejamento dialógico (Padilha,<br />
2001:95-135), faço uma breve análise sobre concepções de avaliação, experiências com Ciclos e<br />
dou exemplos de práticas avaliativas do processo de ensino e aprendizagem.