Baixar - Acervo Paulo Freire - Instituto Paulo Freire
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140 PAULO ROBERTO PADILHA<br />
pesquisas participantes, envolvendo a ação de quem lê o mundo, de<br />
caráter pedagógico, antropológico, sociológico etc. 5<br />
Por outro lado, ao lermos o mundo, deparamo-nos também com<br />
situações da vida cotidiana que envolvem subjetividades, sensibilidades<br />
e sentimentos das pessoas,que nos exige um outro olhar, mais<br />
ampliado que a observação fenomenal da ciência analítica. Na verdade,<br />
só a ciência, por mais importante que seja para nós, não dá conta<br />
de “leitura do mundo” que capte outras dimensões da vida, da nossa<br />
existência. 6<br />
Uma “leitura do mundo” aprofundada, para além daquilo que<br />
nos salta aos olhos ou do fenômeno científico, que procura desvelar<br />
saberes, emoções, sensibilidades, espiritualidade, intencionalidades<br />
e ocultações que estão “entre”, “ao mesmo tempo” e “para além” das<br />
diferentes culturas — e isso caracteriza a dimensão transcultural da<br />
interpretação que propomos — exige-nos um trabalho igualmente<br />
sensível, com base em encontros que chamamos interculturais e intertransculturais.<br />
O diálogo e o conhecimento do contexto — categorias fundantes<br />
do pensamento de <strong>Paulo</strong> <strong>Freire</strong>, indo além do que o próprio <strong>Freire</strong><br />
escreveu, mas, sem dúvida, na esteira da sua capacidade de, ao mesmo<br />
tempo, construir sua práxis com base na dialética marxiana e nos<br />
valores cristãos — não se dão apenas na relação e na expressão pessoal,<br />
nem apenas na oralidade, tampouco só na utilização da linguagem<br />
escrita, imagética ou da comunicação virtual.<br />
Conhecemos com o corpo todo, não só com nossas emoções ou<br />
com a nossa razão. Tampouco, a lógica do rigor científico é a única<br />
estrada de acercamento da realidade, como também afirmou <strong>Paulo</strong><br />
<strong>Freire</strong>. Assim, dialogar, sentir e conhecer o contexto, relacionandonos<br />
com ele, significa, como queremos sugerir, buscar o entrecruza-<br />
5. Sugiro a leitura de: Nogueira, Adriano. O sujeito irreverente: anotações para uma pedagogia<br />
da cultura em movimentos populares. Campinas: Papirus, 1993, e, do mesmo autor, o livro intitulado<br />
Ambiência: direcionando a visão do educador para o III Milênio. Taubaté: Cabral Editora Universitária,<br />
2000.<br />
6. Sugiro também a leitura do livro organizado por Jacques Gauthier, Reinaldo Matias<br />
Fleuri e Beleni Salete Grando, intitulado Uma pesquisa sociopoética: o índio, o negro e o branco no<br />
imaginário de pesquisadores da área da educação. Florianópolis: UFSC/NUP/CED, 2001.