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Baixar - Acervo Paulo Freire - Instituto Paulo Freire

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EDUCAR EM TODOS OS CANTOS 137<br />

tivos ou lúdicos que, por si só, já são muito importantes. Falamos dos<br />

rituais e dos eventos que trazem para o espaço educativo um clima<br />

sempre positivo, que nos ajudam a superar o mal-humor, o pessimismo<br />

e até mesmo aquele sentimento de fragilidade que às vezes nos<br />

alcança pelo cansaço e pelo desânimo quando nos deparamos com<br />

situações que aparentemente nunca mudam.<br />

Uma festa é sempre um acontecimento simbólico, cultural,<br />

ritualístico e coletivo. Para ser realizada, depende, geralmente, das<br />

decisões, da participação e da ajuda de muitas pessoas. Da idealização<br />

da festa até a sua concretização surgem muitos conflitos, o que<br />

para nós é algo positivo, pois na perspectiva da “pedagogia dialética”,<br />

da “pedagogia crítica”, o conflito é inerente e necessário ao<br />

crescimento dos sujeitos, que se reconhecem diferentes em suas culturas,<br />

em seus posicionamentos e em suas buscas de afirmações<br />

identitárias, necessárias ao crescimento de toda pessoa e grupo. Conflito,<br />

pois, não se confunde com “briga”, com algo que deve ser evitado,<br />

muito menos no âmbito da educação.<br />

Ao organizarmos e ao prepararmos uma festa, rompemos com a<br />

lógica do dia-a-dia, do comum. Enfeitamo-nos, vestimo-nos diferentemente<br />

e resgatamos outras formas de linguagem — corporal, musical,<br />

visual, escrita, falada, cênica, que nos fazem repensar os nossos<br />

próprios valores, a forma como participamos e como nos relacionamos<br />

com as outras pessoas.<br />

Participar de uma festa é uma experiência que pode contribuir<br />

para resgatar as nossas tradições, aprender novos costumes, refletir<br />

sobre os nossos saberes e sobre os de outras pessoas, comparar os<br />

nossos ritmos e a nossa gastronomia com os de outras culturas. Permite-nos<br />

conhecer melhor o nosso próprio contexto, o mundo em que<br />

vivemos e também a nós mesmos, firmando ou nos exigindo<br />

ressignificações da nossa própria identidade a partir do olhar de outras<br />

pessoas sobre nós. 3 Por isso, a festa resgata a cultura do povo, e, reali-<br />

3. Conforme Laing (Laing, 1989: 82), “a identidade da pessoa não pode ser completamente<br />

abstraída de sua identidade-para-os-outros; de sua identidade-para-si-mesma; da identidade<br />

que os outros lhe atribuem; da identidade que ela atribui aos outros; da identidade ou identidades<br />

que julga que lhe atribuem, ou pensa que eles pensam que ela pensa que eles pensam...

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