19.04.2013 Views

Baixar - Acervo Paulo Freire - Instituto Paulo Freire

Baixar - Acervo Paulo Freire - Instituto Paulo Freire

Baixar - Acervo Paulo Freire - Instituto Paulo Freire

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

EDUCAR EM TODOS OS CANTOS 31<br />

Estaremos, da mesma forma, agindo politicamente, refletindo<br />

sobre as questões do poder, da democracia, sobre as relações entre<br />

Estado e Sociedade Civil, mas, ao mesmo tempo, fazendo-o com base<br />

na sensibilidade e na afetividade humana, incluindo a emoção, a sensibilidade<br />

e a afetividade na nossa práxis.<br />

Para fazermos apenas um pequeno exercício de escrita e de reflexão<br />

inicial, vejamos como fica o mesmo texto de Holloway, anteriormente<br />

destacado, se substituirmos as palavras relacionadas a “grito”<br />

pelas palavras relacionadas ao “canto”:<br />

Nosso canto não é só de horror. Não cantamos porque enfrentamos a<br />

morte segura na teia de aranha, mas porque sonhamos em nos libertar<br />

(...) Nosso canto é uma recusa à aceitação. É uma recusa a aceitar que<br />

a aranha nos comerá (...) Uma recusa a aceitar a inevitabilidade da<br />

desigualdade, da miséria, da exploração e da violência crescentes (...)<br />

Nosso canto é uma recusa a sermos vítimas da opressão, a submergirmo-nos<br />

numa ‘melancolia de esquerda’, algo tão característico do pensamento<br />

de oposição (...) Nosso canto é um canto que quebra vidraças,<br />

é uma recusa a sermos contidos, é um transbordamento, um ir<br />

além da margem, além dos limites da sociedade cortês. (Holloway,<br />

2003: 16-17 — com minhas alterações já explicadas acima)<br />

Prefiro cantar a gritar, mesmo reconhecendo a importância e o<br />

sentido metafórico do grito e mesmo compreendendo que, para algumas<br />

pessoas, cantar tenha efeito menos intenso — com o que, evidentemente,<br />

não concordo. Mesmo admitindo as duas possibilidades,<br />

penso que é hora, mais de cantar, do que apenas gritar, no sentido<br />

de trabalharmos mais a nossa sensibilidade humana do que<br />

demonstrarmos a nossa força pelo grito. Até porque considero a energia<br />

do canto tão intensa e positiva quanto a do grito. Por outro lado, é<br />

possível também falarmos, por exemplo, de “caminhar” em vez de<br />

“lutar”, mesmo que nem sempre possamos substituir uma palavra<br />

pela outra. 6<br />

6. O que não significa que não reconhecemos a existência da luta de classes. Esta continuará<br />

a existir enquanto houver dominantes e dominados, opressores e oprimidos, sobretudo no contexto<br />

da lógica mercantilista em que vivemos e que, infelizmente, predomina no mundo atual.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!