Baixar - Acervo Paulo Freire - Instituto Paulo Freire
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226 PAULO ROBERTO PADILHA<br />
a unidade educacional deve trabalhar com seus alunos e com suas<br />
alunas. A dificuldade de se estabelecer um currículo que seja mais<br />
apropriado à educação na “era da informação”, rumo à “era do conhecimento”<br />
— e nós diríamos, na direção da “era de humanização” e<br />
da tessitura de novos saberes6 — reside, talvez, na dicotomia entre<br />
teoria e prática que os estudos sobre currículo revelam, sobretudo<br />
quando se trata de definir quais conhecimentos deverão ser estudados<br />
na escola e como isso será feito.<br />
Quando dicotomizamos teoria e prática, estamos diante de uma<br />
concepção fragmentada de ciência e de currículo, que opera com lógicas<br />
excludentes. Daí, por exemplo, a dificuldade de concretizar projetos<br />
interdisciplinares, pois, ao mesmo tempo que se busca a troca e a<br />
cooperação entre as disciplinas, o nível de especialização delas cria<br />
uma verdadeira “fronteira disciplinar, com sua linguagem e com os<br />
conceitos que lhe são próprios, isolando a disciplina em relação às<br />
outras e em relação aos problemas que ultrapassam as disciplinas”.<br />
(Morin, 1999: 28)<br />
Quando nos deparamos com propostas curriculares que, explícita<br />
ou subliminarmente, consideram algumas ciências superiores às<br />
outras, uma cultura melhor que a outra e que, assim, hierarquizam<br />
saberes e subordinam as relações humanas no processo de ensino e<br />
de aprendizagem, estamos diante de um determinado modo de entender<br />
e de dar sentido ao conhecimento do e sobre o mundo, que é<br />
por oposições (ou/ou). Não é essa a nossa lógica.<br />
O currículo intertranscultural compreende o mundo com base<br />
nas relações dialógicas que nele se estabelecem e que também podem<br />
se dar por conexões (e/e).<br />
Por que alguns conhecimentos, saberes, aprendizagens e até<br />
mesmo pessoas e culturas seriam importantes, e outros não, na hora<br />
de aprender e de ensinar? Quem teria maior possibilidade de fazer as<br />
escolhas? E, afinal, o que nos interessa mais na hora de educar e de<br />
6. Num momento em que discutimos a possibilidade de “mudar o mundo sem tomar o<br />
poder” (Holloway, 2003) e em “mudar o mundo transformando o poder” (Santos, 2005).