Baixar - Acervo Paulo Freire - Instituto Paulo Freire
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120 PAULO ROBERTO PADILHA<br />
Sempre me pergunto sobre os porquês daquele comportamento<br />
de Malvina e de outras “malvadezas” praticadas por professores contra<br />
seus alunos. Na mesma direção, o que acontece, na prática educacional,<br />
para que o desânimo e a vontade de desistir4 da profissão sejam<br />
falas recorrentes na educação? E por que a violência, o autoritarismo,<br />
o preconceito e a arrogância são tão presentes nas nossas salas<br />
de aulas, e em todos os níveis e modalidades educacionais, do professor<br />
para o aluno e também, muitas vezes, dos discentes para os docentes?<br />
Não quero, com isso, sacrificar ninguém, muito menos a nossa<br />
profissão ou qualquer outra profissão na área da educação. Quero,<br />
na verdade, refletir sobre o nosso trabalho, sobre as nossas condições<br />
de trabalho, principais problemas e perspectivas.<br />
Questiono, por exemplo, sobre como temos enfrentado essas<br />
questões no nível das políticas públicas, na busca da efetiva valorização<br />
dos trabalhadores em educação, na manutenção do diálogo entre<br />
sindicatos e governos a fim de encontrar soluções conjuntas de curto,<br />
médio e longo prazos para esse e outros problemas da educação.<br />
Os problemas não são poucos e foram se acumulando com o<br />
tempo. Há urgência de resolvê-los e isso não vai acontecer de uma<br />
hora para a outra. E quando há vontade política, de todos os lados, de<br />
enfrentar o problema, o que nem sempre acontece por parte do governo<br />
e também, por incrível que pareça, por parte da organização<br />
dos próprios trabalhadores em educação, surgem inúmeras dificuldades<br />
para o diálogo e, muitas vezes, as partes são incapazes de sentar<br />
à mesa com propostas exeqüíveis.<br />
O fato é que com salários achatados, com a saúde comprometida,<br />
com a falta de educação continuada, em serviço, e ao longo dos<br />
anos, sem tempo efetivo para realizar um trabalho pedagógico coletivo<br />
na escola, que lhes permita participar verdadeiramente dos processos<br />
de gestão compartilhada e da elaboração do projeto eco-político-pedagógico,<br />
com a ausência de um plano de carreira decidido e<br />
4. Há várias pesquisas e publicações relacionadas ao tema, como a realizada pela Confederação<br />
Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que envolveu 52.000 professores<br />
de todos os Estados do Brasil e 1.440 funcionários das redes públicas estaduais. Ver: CNTE,<br />
1999; Codo & Vasques-Menezes, 2000.